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Trump pede que Rússia volte a ser parte do G7

A Rússia foi expulsa da cúpula em represália à anexação da península da Crimeia em 2014 pelo presidente Vladimir Putin

A cúpula do G7 acontece no Canadá em meio a grande tensão comercial entre os países (Kevin Lamarque/Reuters)
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AFP

Publicado em 8 de junho de 2018 às 11h25.

Última atualização em 8 de junho de 2018 às 12h49.

Donald Trump pediu nesta sexta-feira ao G7 que reintegre a Rússia , excluída do grupo em 2014, numa nova provocação do presidente americano antes de encarar os líderes do bloco após sua decisão de impor novas tarifas.

"Deveriam deixar a Rússia voltar. Porque deveríamos ter a Rússia na mesa de negociação", declarou antes de partir de Washington para o Canadá, onde já aterrizou.

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Os dirigentes do Grupo dos Sete foram recebidos pelo primeiro-ministro Justin Trudeau em La Malbaie, uma pitoresca e pequena cidade de Québec, em um grande hotel às margens do rio Saint-Laurent.

O clima esquentou antes do início da cúpula.

Nesta sexta, Trump disse que quer usar o encontro para resolver o que considerou como pactos comerciais "injustos" com os sócios dos Estados Unidos.

"Ansioso para resolver os injustos Acordos Comerciais com os países do G-7. Se não acontecer, sairemos ainda melhores!", tuitou Trump antes de seguir para Québec.

Na quinta-feira, ele já havia escrito duras mensagens em sua rede social preferida, em resposta às críticas cada vez menos veladas de Trudeau e do presidente francês, Emmanuel Macron, que está no Canadá desde quarta-feira.

"Por favor, digam ao primeiro-ministro Trudeau e ao presidente Macron que estão cobrando tarifas maciças dos Estados Unidos e criando barreiras não tarifárias", escreveu o presidente, que disse ainda estar "ansioso" para encontrá-los.

Também tentou tirar a legitimidade de um "indignado" Trudeau, lembrando-lhe dos "cerca de 300%" de tarifa imposta pelo Canadá sobre o leite.

Em outro tuíte dirigido à União Europeia e ao Canadá, lançou: "Levantem suas tarifas e barreiras, ou faremos melhor do que vocês".

A recepção não será nada calorosa. Os quatro europeus - Macron, Angela Merkel, Theresa May e Giuseppe Conte - decidiram se reunir pouco antes do começo da cúpula para demonstrar sua impaciência diante das ameaças de guerra comercial do presidente americano.

O objetivo, segundo o presidente francês, é convencer Trump a não aplicar as tarifas recentemente impostas sobre o aço e o alumínio. O magnata se mostrou insensível às críticas, porém, e ameaça o restante do mundo com taxas mais altas.

"Trump pôs em prática seus compromissos de campanha, tem um caráter previsível", disse Macron, que ainda assim espera convencer o colega americano de que "a guerra comercial não é boa para ninguém".

"Estou convencido de que a Europa manterá sua unidade e a manterá todo tempo que esses temas durarem", afirmou, prometendo fazer uma frente comum.

Resta saber até onde irá o Japão, que tenta, por sua vez, não ser marginalizado das negociações entre Washington e a Coreia do Norte, assim como o novo governo populista italiano e a Alemanha, mais expostos a represálias comerciais do que os outros países europeus.

Declaração final?

Trudeau rejeitou a alegação de "segurança nacional" feita por Washington para taxar o aço e o alumínio canadenses e deixou isso claro.

"Fui educado, fui respeitoso, mas também fui sempre muito, muito firme sobre os interesses do nosso país, dos nossos cidadãos e sobre nossos valores", afirmou o premiê ontem.

O mesmo tom foi adotado pelo chefe de Estado francês, que multiplicou seus tuítes contra "a lei do mais forte" e contra qualquer "hegemonia".

Ottawa ainda acredita ser possível alcançar um consenso sobre três temas: a poluição por plástico nos oceanos, a educação das meninas e a luta contra as ingerências estrangeiras nos processos democráticos.

Será o tema comercial, porém, que vai de fato ocupar os debates.

A União Europeia apresentou uma ação contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) e prepara tarifas aduaneiras contra os produtos americanos como o bourbon, a pasta de amendoim, ou as motos.

Essas represálias ainda não entraram em vigor, porém, e os Estados-membros precisam chegar a um consenso sobre a lista de produtos. A menos que a Alemanha prefira a cautela, temendo que Trump imponha, em breve, uma sobretaxa aos automóveis estrangeiros.

Trump será o primeiro dirigente a deixar a reunião do G7, na manhã de sábado, horas antes de seus homólogos. De lá, o presidente americano seguirá para Singapura, para seu encontro no dia 12 de junho com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Depois dos habituais almoços de trabalho, foto, reuniões de grupo e encontros bilaterais, os sete dirigentes jantarão nesta sexta em um típico chalé de Québec, propriedade de um francês, com um menu composto em cada detalhe por produtos locais e vinhos canadenses.

Manifestações contra o G7 estão previstas em Québec. Na quinta, cerca de 500 manifestantes fizeram uma passeata, sem maiores incidentes.

No sábado, o suspense diplomático será sobre a tradicional declaração final da cúpula.

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