Economia

Trump acusa UE e China de manipular moedas e mantém críticas ao Fed

Após tarifas sobre aço e alumínio, gesto que afeta diretamente a China, Washington adotou tarifas suplementares para 34 bilhões de máquinas

Donald Trump: para presidente, o aperto monetário "prejudica tudo o que estamos fazendo" (Jonathan Ernst/Reuters)

Donald Trump: para presidente, o aperto monetário "prejudica tudo o que estamos fazendo" (Jonathan Ernst/Reuters)

A

AFP

Publicado em 20 de julho de 2018 às 15h28.

O presidente Donald Trump lançou nesta sexta-feira (20) um novo ataque contra China e União Europeia, acusadas de manipular suas moedas, e voltou a criticar o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano).

Seus comentários no Twitter nesta manhã foram seguidos de uma entrevista à emissora CNBC na qual ele expressou seu desejo de impor tarifas sobre todas as importações chinesas.

No Twitter, Trump disse que "a China, a União Europeia e outros vêm manipulando suas moedas e taxas de juros".

Por outro lado, disse ele, o dólar está se tornando mais forte e prejudica a "vantagem competitiva" da maior economia do mundo.

Este ano o yuan caiu aproximadamente 10% em relação ao dólar, numa tendência que favorece as exportações do gigante asiático.

Trump incluiu o Fed entre seus criticados, por sua política de aperto monetário que fortalece o dólar.

Para conter o avanço da inflação na maior economia do mundo, o Fed elevou as taxas de juros sete vezes desde 2015 e considera pelo menos mais dois aumentos este ano.

Essa prática aumenta o custo do dinheiro e pode ter impacto no crescimento, mas, ao mesmo tempo, impede o superaquecimento da economia.

No entanto, com o desemprego em seu mínimo histórico e a inflação em leve alta, o presidente do Fed argumentou que a economia é forte o suficiente para operar com taxas de juros mais altas.

Fed na mira

Para Trump, por outro lado, o aperto monetário "prejudica tudo o que estamos fazendo, os Estados Unidos devem ser capazes de recuperar o que perderam por causa da manipulação ilegal de moedas".

"Os vencimentos da dívida estão se aproximando e estamos elevando as taxas, é sério?", disse Trump, em uma referência óbvia ao Fed.

Na quinta-feira, a CNBC divulgou uma prévia da entrevista em que o presidente questionou a política do Fed e quebrou a tradição do ramo executivo de se abster de comentar sobre a entidade para não prejudicar sua independência.

"Não estou satisfeito", disse Trump em uma entrevista divulgada nesta quinta-feira, "porque estamos crescendo e, cada vez que crescemos, eles elevam a taxa de novo".

Na entrevista à CNBC, Trump jogou ainda mais lenha na fogueira da guerra comercial com a China, sugerindo que ele pretende taxar todos os produtos do país.

China na mira

"Estou pronto para chegar a 500", garantiu, em entrevista à CNBC, referindo-se ao total de US$ 505,5 bilhões em importações da China registrados em 2017.

"Não estou fazendo isso por política. Estou fazendo isso para fazer a coisa certa para o nosso país", frisou.

Após a adoção das tarifas de importação sobre aço e alumínio, um gesto que afeta diretamente a China, Washington adotou tarifas suplementares para 34 bilhões de máquinas, enquanto analisa um pacote extra para 16 bilhões.

Ao mesmo tempo, o Departamento de Comércio já admitiu que estão sendo estudos desenvolvidos para definir uma lista de produtos chineses que poderiam ser precificados e que chegariam a 200 bilhões de dólares.

Pequim denunciou que são os primeiros passos da "maior guerra comercial na história da economia" e deixou claro que aplicará medidas retaliatórias a cada tarifa dos EUA.

Para Washington, tornou-se essencial reduzir o enorme déficit comercial com a China, que em 2017 alcançou a cifra astronômica de 375 bilhões de dólares.

 

 

Acompanhe tudo sobre:ChinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve SystemUnião Europeia

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega