O saldo de comércio exterior do Brasil em novembro foi de 2,077 bilhões de reais, acumulando no ano 30,196 bilhões de superávit. O resultado no mês é o menor valor desde abril e pode ser explicado em parte pelo câmbio, pelo aquecimento da economia e por fatores sazonais. Segundo Eurilton Araújo, professor de macroeconomia do Ibmec São Paulo, o crescimento econômico provoca uma demanda natural por insumos importados e, conseqüentemente, um aumento no ritmo das compras no exterior.

Além disso, parte dos consumidores antecipa em novembro as compras de Natal, com uma presença importante de produtos importados entre as opções. Em razão disso, tanto a entrada de novos equipamentos e insumos para as fábricas quanto a de artigos para presente contribuíram para o resultado do mês passado. Em novembro,as compras do exterior somaram 6,082 bilhões, com média diária de importações 4,2% acima da verificada em outubro.

Risco não está no câmbio

Outro fator que pesa no resultado é a valorização do real frente ao dólar, que explica em parte a queda de 7,7% na comparação da média diária de exportações em novembro com o dado do mês anterior. A soma das exportações foi de 8,159 bilhões. Porém, na avaliação de Araújo, o risco para as exportações não está na apreciação do câmbio. "O Brasil não vai perder mercado por causa de câmbio, mas perde por deficiências de competitividade", diz o professor. "Não adianta um dólar valendo 5 reais, se portos, estradas e legislação são ruins."

Outro aspecto que tira influência da cotação do dólar no desempenho da balança, diz Araújo, é que os agentes de mercado continuam operando com um horizonte cambial entre 2,90 e 3 reais por dólar. "O mercado sabe que a desvalorização do dólar não é uma tendência."

No acumulado dos 11 meses de 2004, as exportações totalizam 87,280 bilhões de dólares, ante 57,084 bilhões de importações.