Economia

Standard & Poor's cobra mais ação e menos discurso do Brasil

Segundo analista da agência, tom amistoso do governo brasileiro com as empresas precisa se traduzir em ações


	Dilma Rousseff: alerta da S&P sobre um possível rebaixamento da nota brasileira, em junho, levou a presidente a repensar a estratégia econômica do seu governo
 (Roberto Stuckert Filho/PR)

Dilma Rousseff: alerta da S&P sobre um possível rebaixamento da nota brasileira, em junho, levou a presidente a repensar a estratégia econômica do seu governo (Roberto Stuckert Filho/PR)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2013 às 21h32.

Washington - O tom amistoso do governo brasileiro com as empresas precisa se traduzir em ações para que a Standard & Poor's reconsidere sua perspectiva negativa a respeito da maior economia latino-americana, disse à Reuters na sexta-feira uma analista graduada da agência de classificação de crédito.

O alerta da S&P sobre um possível rebaixamento da nota brasileira, em junho, levou a presidente Dilma Rousseff a repensar a estratégia econômica do seu governo, alterando sua posição para agradar às agências de "rating" e aos investidores.

Dilma prometeu manter as finanças públicas em ordem por meio de contenção dos gastos governamentais. Ela também elevou os dividendos para potenciais investidores em projetos de infraestrutura e prometeu reduzir as transferências de capitais para os bancos estatais.

"Esses sinais são muito importantes, mas precisam ser amparados por ações reais", disse Lisa Schineller, analista secundária da S&P para o Brasil e economista-chefe da agência para a América Latina. "Um histórico teria de ser estabelecido." Três anos de crescimento medíocre e um aumento do déficit em conta corrente no Brasil fizeram com que os investidores perdessem parte do seu entusiasmo pelo país, até recentemente visto como uma história de sucesso entre os mercados emergentes.

As autoridades brasileiras dizem que o pessimismo é exagerado, e minimizam as ameaças de rebaixamento da nota de crédito, observando que o nível de endividamento continua bem mais salutar do que na maioria dos países desenvolvidos, e que os investimentos estrangeiros continuam entrando.


Grande exportador de minério de ferro e soja, o Brasil viu seu crescimento econômico se desacelerar de estonteantes 7,5 por cento em 2010 para apenas 0,9 por cento no ano passado, bem abaixo dos resultados obtidos pelo vizinho Peru e até mesmo pela Bolívia, um dos países mais pobres da região.

Em junho, a S&P confirmou suas notas para o Brasil - BBB em longo prazo, e A2 em curto prazo -, mas disse ter uma perspectiva negativa, com pelo menos um terço de probabilidade de que a qualificação do país seja rebaixada nos próximos dois anos.

A iminente redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos pressiona ainda mais a balança de pagamentos brasileira, porque os investidores devem se livrar de ativos mais arriscados para buscarem dividendos relativamente mais elevados nos EUA.

Além disso, Dilma enfrentará forte pressão para gastar mais em 2014, ano em que deve disputar a reeleição.

"É aí que a mudança de tom é importante, mas novamente você precisa ver algo acompanhando", disse Schineller num intervalo da reunião anual do FMI e do Banco Mundial em Washington.

"As manobras contábeis e a opacidade em torno do superávit primário criaram um desafio de credibilidade ao governo", afirmou ela.

O governo Dilma foi criticado no ano passado por eliminar alguns gastos e por usar dinheiro de um fundo soberano para inflar os cofres públicos e cumprir sua meta de superávit primário para 2012.

O equilíbrio orçamentário primário, que representa o saldo fiscal do governo antes do pagamento das dívidas, é observado de perto pelos investidores, que o veem como uma medida da capacidade do governo para honrar suas dívidas.

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