Economia

Sindicalistas e governo discutem ideias para manter emprego

De acordo com o primeiro-secretário-geral da Força Sindical, os trabalhadores pretendem garantir o emprego em momentos de crise com novas alternativas

Sindicalistas debatem com representantes do governo medidas que minimizam impactos ao trabalhador em tempos de crise (Arquivo/Agência Brasil)

Sindicalistas debatem com representantes do governo medidas que minimizam impactos ao trabalhador em tempos de crise (Arquivo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2014 às 15h00.

Brasília - Representantes das centrais sindicais estiveram, hoje (25), no Ministério da Fazenda, para apresentar uma alternativa que garanta a proteção ao emprego em tempos de crise e evite, por exemplo, o lay off que, na prática, suspende o contrato de trabalho sem demissão.

De acordo com Sérgio Luiz Leite, primeiro-secretário-geral da Força Sindical, os trabalhadores cansaram de discutir o desemprego com empresários e governo. Eles pretendem, a partir de agora, garantir o emprego em momentos de crise com novas alternativas.

“Nós queremos inverter. Em vez de discutir o desemprego, nós queremos garantir que o trabalhador permaneça empregado. Agora, não temos concordância de retirar medidas, por exemplo, como o abono salarial ou outras questões mais que possam ser aventadas”, disse Sérgio Leite.

Segundo ele, é importante discutir medidas que não tirem direitos, mas acrescente ao trabalhador outras alternativas de manutenção do emprego.

O sindicalista defendeu, por exemplo, que em tempos de crise o trabalhador tenha a jornada diminuída, bem como o salário. “Mas com a manutenção do seu emprego [sem perdas de direito]”, frisou.

Segundo ele, a proposta é a manutenção do emprego “com período determinado e com redução de salário de até 30%, com data de aplicação da medida determinada e, talvez, com a utilização do seguro-desemprego”, disse o representante da Força Sindical.

Para ele, no lugar da demissão com o pagamento do seguro-desemprego, os mesmos valores seriam utilizados para complementar o salário do trabalhador que permanecesse na ativa durante o período de crise.

A proposta não atenderia empresas específicas, mas o conjunto dos trabalhadores após a declaração do governo de uma situação de crise na economia.

A condição para que a medida fosse adotada seria os trabalhadores fazerem uma acordo com os patrões. De acordo com Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a proposta é baseada em práticas adotadas na Europa.

A medida não significa a alteração na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). “Não modifica nenhuma das leis existentes. Se for implementado, é mais [um] instrumento com as seguintes características: tem que ser opcional em concordância entre trabalhador e empregado, tem que ter um atestado de crise por parte do governo e ser aprovado em assembleia de trabalhadores”.

Outra preocupação das centrais sindicais é que durante o regime do lay off, como o contrato é suspenso temporariamente, o empregado perde no futuro por deixar de contribuir, principalmente, com a Previdência Social. Isso acarreta em consequências ao cálculo do tempo de serviço e da aposentadoria.

“Não queremos reinventar a roda. Queremos aperfeiçoar de modo que os trabalhadores sejam menos prejudicados”, destacou Freitas.

Os sindicalistas, que estiveram com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, criticaram as desonerações implementadas pelo governo para que as empresas enfrentassem a crise, inciada em 2008.

Para ele, as medidas não trouxeram ganhos para o país e para os empregados. “Inclusive, setores que tiveram acesso as desonerações demitiram mão de obra. Quando se fala em desoneração temos que ter cuidado com relação a isso”, frisou.

Participaram do encontro, além da CUT e da Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Nova Central. Uma nova reunião deverá acontecer em Brasília, na próxima semana, para discutir o assunto.

Acompanhe tudo sobre:Centrais sindicaisCrises em empresasEmpregosMinistério da Fazenda

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor