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Siderurgia vive crise e exportação é a saída, diz IABr

Diante da maior crise de sua história, a indústria siderúrgica precisa de soluções de curto prazo e a única saída são as exportações, diz entidade

Trabalhador de siderurgia (Akos Stiller/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2015 às 14h34.

Rio - Diante da maior crise de sua história, a indústria siderúrgica brasileira precisa de soluções de curto prazo e a única porta de saída visível são as exportações, na visão de Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), que congrega as companhias do setor.

Para que a saída dê certo, porém, a recente desvalorização da taxa de câmbio não é suficiente. A entidade cobra outras medidas, como a recomposição da alíquota de 3% do Reintegra, e tem buscado líderes do PMDB para sensibilizar o partido para a agenda do comércio exterior.

Com a redução da alíquota do Reintegra de 3% para 1%, a indústria siderúrgica perdeu US$ 160 milhões ao ano, informou Lopes. "Não faz o menor sentido, na hora em que o governo lança o Plano Nacional de Exportações, que se retire o instrumento que poderia incentivar as exportações, que é o Reintegra. O Reintegra não deveria ser de 3%, deveria ser de 7% ou 8%. Na China, é 17%. Nesse momento, o Brasil reduz de 3% para 1%", disse Lopes após participar de debate no Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2015), ocorrido quinta-feira, 20, no Rio.

Segundo Lopes, o IABr tem mantido contato com líderes do PMDB, visando a incluir o comércio exterior como pauta política do partido, na esperança de tentar influenciar por mudanças no Reintegra. "Do lado do Executivo, não há nenhuma receptividade por parte da Fazenda de mexer em qualquer coisa que interfira no ajuste fiscal, mas o PMDB, que tem tido um papel importante nas discussões de agenda, entendendo que a saída é o mercado internacional, pode colocar na sua pauta política o Reintegra como um fator importante", disse Lopes.

O IABr já se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o vice-presidente Michel Temer e com o governador e o prefeito do Rio, Luiz Fernando Pezão e Eduardo Paes, respectivamente. "A recepção tem sido excelente", comentou Lopes.

O executivo reconheceu a importância do ajuste fiscal, mas destacou que ele precisa focar nas prioridades. "O ajuste fiscal deveria ter também uma vertente de redução das despesas do governo. Tudo é uma questão de medição de prioridade", afirmou Lopes. "Se você retira da indústria a capacidade de produzir, nunca vai fechar o ajuste porque a receita cai", completou.

Sobre a cotação do dólar, Lopes ressaltou que a desvalorização melhora o quadro para as exportações, mas é preciso olhar para as cotações das moedas de outros países com os quais o Brasil compete. Segundo uma comparação feita pelo IABr com base no Índice BigMac, calculado pela revista britânica "The Economist", a indústria siderúrgica brasileira já fica competitiva em relação aos EUA com o câmbio na casa de R$ 2,60, mas, perante a China, o câmbio necessário fica na casa de R$ 4,50.

"A relação não é dólar-real. É real em relação a seus concorrentes e eles ganharam mais competitividade. Melhorou? Melhorou. É suficiente? Não é suficiente", concluiu Lopes.

A comparação com a China sinaliza que as importações vindas do país asiático seguem como ameaça. A participação de mercado do aço chinês no Brasil passou de 1%, em 2000, para 52%, no ano passado. O IABr defende a adoção de salvaguardas comerciais contra a China, mas Lopes reconhece que tais medidas são inviáveis politicamente.

Na visão do executivo, as exportações têm que ser a saída da indústria porque não há sinal de recuperação da demanda externa. As indústrias da construção, automotiva e de máquinas e equipamentos estão em crise e, juntas, respondem por 80% do consumo nacional de aço. Segundo Lopes, a indústria siderúrgica está com 20 unidades paradas, opera com baixa utilização de capacidade e já demitiu 12 mil trabalhadores este ano.

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Para que a saída dê certo, porém, a recente desvalorização da taxa de câmbio não é suficiente. A entidade cobra outras medidas, como a recomposição da alíquota de 3% do Reintegra, e tem buscado líderes do PMDB para sensibilizar o partido para a agenda do comércio exterior.

Com a redução da alíquota do Reintegra de 3% para 1%, a indústria siderúrgica perdeu US$ 160 milhões ao ano, informou Lopes. "Não faz o menor sentido, na hora em que o governo lança o Plano Nacional de Exportações, que se retire o instrumento que poderia incentivar as exportações, que é o Reintegra. O Reintegra não deveria ser de 3%, deveria ser de 7% ou 8%. Na China, é 17%. Nesse momento, o Brasil reduz de 3% para 1%", disse Lopes após participar de debate no Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2015), ocorrido quinta-feira, 20, no Rio.

Segundo Lopes, o IABr tem mantido contato com líderes do PMDB, visando a incluir o comércio exterior como pauta política do partido, na esperança de tentar influenciar por mudanças no Reintegra. "Do lado do Executivo, não há nenhuma receptividade por parte da Fazenda de mexer em qualquer coisa que interfira no ajuste fiscal, mas o PMDB, que tem tido um papel importante nas discussões de agenda, entendendo que a saída é o mercado internacional, pode colocar na sua pauta política o Reintegra como um fator importante", disse Lopes.

O IABr já se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o vice-presidente Michel Temer e com o governador e o prefeito do Rio, Luiz Fernando Pezão e Eduardo Paes, respectivamente. "A recepção tem sido excelente", comentou Lopes.

O executivo reconheceu a importância do ajuste fiscal, mas destacou que ele precisa focar nas prioridades. "O ajuste fiscal deveria ter também uma vertente de redução das despesas do governo. Tudo é uma questão de medição de prioridade", afirmou Lopes. "Se você retira da indústria a capacidade de produzir, nunca vai fechar o ajuste porque a receita cai", completou.

Sobre a cotação do dólar, Lopes ressaltou que a desvalorização melhora o quadro para as exportações, mas é preciso olhar para as cotações das moedas de outros países com os quais o Brasil compete. Segundo uma comparação feita pelo IABr com base no Índice BigMac, calculado pela revista britânica "The Economist", a indústria siderúrgica brasileira já fica competitiva em relação aos EUA com o câmbio na casa de R$ 2,60, mas, perante a China, o câmbio necessário fica na casa de R$ 4,50.

"A relação não é dólar-real. É real em relação a seus concorrentes e eles ganharam mais competitividade. Melhorou? Melhorou. É suficiente? Não é suficiente", concluiu Lopes.

A comparação com a China sinaliza que as importações vindas do país asiático seguem como ameaça. A participação de mercado do aço chinês no Brasil passou de 1%, em 2000, para 52%, no ano passado. O IABr defende a adoção de salvaguardas comerciais contra a China, mas Lopes reconhece que tais medidas são inviáveis politicamente.

Na visão do executivo, as exportações têm que ser a saída da indústria porque não há sinal de recuperação da demanda externa. As indústrias da construção, automotiva e de máquinas e equipamentos estão em crise e, juntas, respondem por 80% do consumo nacional de aço. Segundo Lopes, a indústria siderúrgica está com 20 unidades paradas, opera com baixa utilização de capacidade e já demitiu 12 mil trabalhadores este ano.

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