Serasa: inadimplência vai reduzir demanda por crédito
Economista da entidade diz que consumidor contraiu mais dívida do que pode pagar e deve evitar financiamentos no segundo semestre
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2010 às 11h45.
São Paulo - A demanda do consumidor por crédito registrou forte crescimento de 16,6% no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período em 2009. Entretanto, esse aquecimento deve perder fôlego no segundo semestre devido ao aumento da inadimplência.
Segundo o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, indicadores do Banco Central (BC) e da própria Serasa mostram que o endividamento está crescendo acima da capacidade do cidadão de honrar os pagamentos. "Enquanto a procura por crédito subiu 16%, a massa de rendimentos calculada pelo IBGE vem registrando aumento em torno dos 9,5%", afirma.
Em maio, a Serasa registrou a primeira alta do ano (1,9%) em seu indicador de inadimplência. Os principais responsáveis foram os segmentos de cartões de crédito, financeiras e lojas do varejo. Embora ainda não veja possibilidade de haver uma crise, Rabi ressalta que estes números ainda vão crescer nos próximos meses. Como consequência da maior inadimplência, a procura por crédito vai cair.
"O consumidor comprometeu muito o orçamento. Isso deve fazer com que ele tome menos crédito no segundo semestre", afirma o economista. Ele ressalta ainda que este não será o único fator a esfriar a escalada do crédito. Nos próximos seis meses, será possível sentir no bolso, ainda que em menor intensidade, os efeitos da política monetária do BC.
"A alta dos juros faz parte da ação do BC justamente para esfriar o mercado de crédito. Estão esvaziando a bolha, antes que ela estoure. Relatórios já mostram que os juros à pessoa física em alguns financiamentos começaram a subir. Esperamos um aumento deste impacto para os meses seguintes", diz Luiz Rabi.
Veja a escalada da demanda por crédito desde 2009:
Período | crescimento (%) |
---|---|
1º semestre 2009 | -6,80% |
2º semestre 2009 | 4,50% |
1º semestre 2010 | 16,60% |
2º semestre 2010 (projeção) | 10% |