Economia

Senado aprova Galípolo e Ailton de Aquino para diretoria do Banco Central

Com a aprovação, os dois participarão da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 1º e 2 de agosto

Galípolo: indicado pelo governo vai participar da próxima reunião do Copom. (Washington Costa/Ascom/MF/Flickr)

Galípolo: indicado pelo governo vai participar da próxima reunião do Copom. (Washington Costa/Ascom/MF/Flickr)

Publicado em 4 de julho de 2023 às 18h35.

Última atualização em 4 de julho de 2023 às 18h39.

O plenário do Senado aprovou, no início da noite desta terça-feira, 4, a indicação de Gabriel Galípolo para chefiar a Diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC) e de Ailton de Aquino Santos para comandar a Diretoria de Fiscalização da autoridade monetária. Os dois foram aprovados por 39 a 12 votos.

Com isso, os dois participarão da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 1º e 2 de agosto. A expectativa é de que a Selic caia. Mas a dúvida é se o corte será de 0,25 ponto percentual ou de 0,5 ponto percentual, como quer o governo.

Mais cedo, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado também aprovou a indicação da dupla. Com poucos senadores presentes e em uma sabatina sem surpresas, os dois não tiveram dificuldade em responder aos questionamentos feitos em quatro blocos de perguntas.

Em uma rápida avaliação sobre a taxa de juros no país, Galípolo sinalizou que os esforços feitos pelo governo para sinalizar compromisso com as contas públicas têm ajudado na queda das expectativas futuras para a Selic.

"Nesse sentido, o que vem acontecendo com as taxas de juros futuras, o mercado vê com bons olhos o esforço coletivo do governo e do Congresso [para sinalizar um compromisso em equilibrar as contas públicas]. Com isso, as taxas de juros futuras cederam ao longo do tempo", disse.

Desafios de Galípolo e Aquino

Com a lei de autonomia do BC, vigente desde 2021, que estabelece mandatos fixos e não coincidentes para a cúpula da autarquia, os dois escolhidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vão ter de conviver com uma diretoria majoritariamente indicada por seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Isso vale, inclusive, para o atual presidente, Roberto Campos Neto -- alvo prioritário dos ataques do governo, que quer logo uma queda da taxa básica de juros, parada em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.

No dia da indicação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que foi porta-voz de Lula, fez questão de dizer que Campos Neto foi o primeiro a sugerir o nome de Galípolo para o BC, de modo a atuar para aumentar o entrosamento entre as duas equipes e a harmonia entre as políticas fiscal e monetária. Nos bastidores, o então número 2 da Fazenda já é visto como sucessor de Campos Neto, que deve deixar a autarquia em dezembro do ano que vem.

Antes, porém, a expectativa é de que Galípolo e Aquino sejam vozes pró-afrouxamento monetário no Comitê de Política Monetária (Copom). A posição do governo é de que o primeiro corte da Selic já deveria ter acontecido. No último Copom, a maioria dos oito membros que participaram do encontro afirmou que já vê condições para uma queda de juros "parcimoniosa" em agosto, caso o processo de desinflação e reancoragem de expectativas continue.

Galípolo também deve ter o desafio de ganhar experiência com o dia a dia da diretoria de Política Monetária, responsável pelas operações de mercado para manter a Selic na meta estabelecida e por garantir a funcionalidade do câmbio. Há receios também do mercado financeiro com a possível proximidade do ex-secretário executivo com a Teoria Monetária Moderna (MMT, na sigla em inglês), uma corrente heterodoxa de política monetária.

Aquino, por sua vez, tem longa experiência dentro da autarquia, inclusive na área de supervisão e fiscalização, e é elogiado pelo mercado. Antes de ser indicado, ele era chefe do Departamento de Contabilidade, Orçamento e Execução Financeira, ligado à diretoria de Administração do BC.

(Com Estadão Conteúdo)

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