Economia

Sem confiança é muito difícil a gente voltar a investir, diz Pedro Parente

CEO da BRF afirmou que o cenário político indefinido no País torna impossível fazer qualquer previsão sobre a economia brasileira para 2019

Parente: o nível de investimento atual no Brasil, entre 15% e 16% do Produto Interno Bruto (PIB), permite crescimento anual da economia de apenas 1% ao ano (Patricia Monteiro/ Bloomberg/Bloomberg)

Parente: o nível de investimento atual no Brasil, entre 15% e 16% do Produto Interno Bruto (PIB), permite crescimento anual da economia de apenas 1% ao ano (Patricia Monteiro/ Bloomberg/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 15h57.

Última atualização em 2 de outubro de 2018 às 15h57.

Ribeirão Preto - O CEO da BRF, Pedro Parente, afirmou nesta terça-feira, 2, que o cenário político indefinido no País torna impossível fazer qualquer previsão sobre a economia brasileira para 2019. Para ele, o retorno ao crescimento econômico sustentado depende de questão fundamental que é confiança. "Sem confiança é muito difícil a gente voltar a investir", disse o executivo durante palestra em evento da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto (SP).

De acordo com Parente, o problema fiscal brasileiro tem natureza estrutural, há a necessidade de reformas, principalmente da Previdência e, se nada for feito, existem três saídas: aumento de impostos, crescimento do alta no endividamento público ou mais inflação. "Com aumento de impostos não vamos ver um ambiente mais propício à realização de negócios no Brasil e qualquer dessas três hipóteses é muito ruim para o País", exemplificou.

O CEO da BRF lembrou que o sistema previdenciário brasileiro não gera autofinanciamento, funciona por "partição simples" e, com o fim do chamado "bônus demográfico", é necessária a reforma. No entanto, para o executivo, o caminho no Congresso Nacional para a aprovação dessa reforma é difícil. "Quem no Congresso Nacional pensa no interesse coletivo e no País todo? É difícil de achar. Eles se organizam em lobby e, sem juízo de valor, são bem organizados", afirmou.

De acordo com Parente, o nível de investimento atual no Brasil, entre 15% e 16% do Produto Interno Bruto (PIB), permite crescimento anual da economia de apenas 1% ao ano. "Se problemas não forem enfrentados de maneira correta, não há confiança no futuro, não há investimento", afirmou.

Missão do eleito

O CEO da BRF avaliou que o novo ou a nova presidente da República terá de patrocinar a mais profunda agenda econômica dos últimos trinta anos. Além disso, segundo o executivo, o eleito, ou eleita, terá de conciliar, simultaneamente, ajuste e crescimento econômicos.

"Como conciliar isso, vai depender de como o novo líder vai se comunicar com a sociedade", disse Parente.

Para o executivo, serão necessárias reformas como a da Previdência e a tributária, com redução de impostos para o setor produtivo, e caberá ao novo ou nova presidente buscar consenso para a aprovação dessas propostas no Congresso. "Não há consenso na maneira de fazer a reforma da Previdência e, sem consenso, não sei se será possível fazer quatro votações no Congresso, com maioria de três quintos para a aprovação", afirmou.

De acordo com Parente, o líder eleito "terá de deixar para trás radicalismo e sectarismo", pois, "sem convergência, não seremos capazes de fazer as reformas que precisamos". O executivo criticou também a fragmentação política no País. "O número de partidos atrapalha um governo orgânico, com uma visão integrada de conjunto e planejamento", concluiu.

Acompanhe tudo sobre:BRFPedro Parente

Mais de Economia

Lula se reúne com ministros nesta quinta e deve fechar pacote de corte de gastos

Equipe econômica acompanha formação de governo Trump para medir impactos concretos no Brasil

Pacote de corte de gastos ainda está em negociação, afirma Lula

Copom eleva Selic em 0,5 pp, para 11,25% ao ano, e sinaliza novas altas de juros