Economia

Sauditas bloqueiam corte da OPEP, preços despencam

Produtores de petróleo do Golfo venceram a discussão para manter a produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) inalterada


	Refinaria de petróleo: petróleo Brent despencava mais de 5 dólares por volta das 14h30
 (Getty Images)

Refinaria de petróleo: petróleo Brent despencava mais de 5 dólares por volta das 14h30 (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2014 às 14h08.

Viena - Os produtores de petróleo do Golfo, liderados pela Arábia Saudita venceram nesta quinta-feira a discussão para manter a produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) inalterada, superando pedidos de países mais pobres do grupo para uma ação que interrompa o colapso nos preços da commodity.

O petróleo Brent despencava mais de 5 dólares por volta das 14h30 (horário de Brasília), renovando mínimas de mais de quatro anos, com a expectativa de o excedente global vai crescer nos próximos meses. A Opep também decidiu se reunir novamente em 5 de junho de 2015.

"Foi uma grande decisão", disse o ministro saudita do petróleo, Ali al-Naimi, ao sair sorridente do encontro de mais de cinco horas.

O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Rafael Ramirez, deixou o encontro visivelmente irritado e não quis comentar o resultado da reunião.

Países ricos do Golfo já deixaram claro que estão prontos para encarar os preços mais baixos. Isso afeta países como Venezuela e o Irã, membros da Opep que pressionaram por cortes de produção para estabilizar os preços, mas que não têm condições de fazer as reduções por si próprios.

Os preços caíram em um terço desde junho, devido à expansão da produção nos EUA, a partir de depósitos de xisto, em conjunção com uma demanda fraca provocada por desaceleração econômica na China e na Europa.

A Opep responde por um terço da produção global de petróleo.

Se o grupo reduzisse exportações sem ação similar por parte de concorrentes, ele perderia maior fatia de mercado, inclusive nos Estados Unidos.

Ao contrário, a decisão de manter os atuais níveis de produção efetivamente significa o início de uma guerra por participação no mercado.

Os sauditas e outros produtores do Golfo conseguiriam entrar na guerra, que pode levar a reduções ainda maiores de preço, graças às suas grandes reservas em moeda estrangeira. Já os membros sem tal poupança podem enfrentar dificuldades.

"Interpretamos isso como a Arábia Saudita vendendo a ideia de que o petróleo precisa cair no curto prazo, com um piso de 60 dólares por barril, para garantir estabilidade nos próximos anos a 80 dólares ou mais", disse o analista Olivier Jakob, da consultoria Petromatrix.

"Em outras palavras, seria do interesse da Opep conviver com preços mais baixos por um tempo para frear o desenvolvimento de projetos nos Estados Unidos", acrescentou.

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