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Sair do euro é como mudar a carreira aos 50, diz autor grego

Tsipras vai aceitar acordo que receber, diz Theodore Pelagidis, professor de Economia na Grécia; sobre saída do euro, ele decreta: "pode esquecer"

Theodore Pelagidis, professor grego de Economia (BrookingsEdu)

João Pedro Caleiro

Publicado em 6 de julho de 2015 às 18h22.

São Paulo - Depois da vitória do "não" no referendo de domingo, o que não faltam são questionamentos. Antes de tudo, o mundo se pergunta: a Grécia vai sair do euro ?

Para o grego Theodore Pelagidis, autor com Michael Mitsopoulis de "Grécia: da Saída à Recuperação?", a resposta é "De jeito nenhum. Pode esquecer."

Ele é um forte crítico da atuação do Syriza, mas acredita que o primeiro-ministro Alexis Tsipras vai aceitar qualquer acordo que lhe for oferecido nas reuniões de amanhã do Eurogrupo e da cúpula de líderes europeus.

Pelagidis já passou por Harvard, Columbia e London School of Economics. Atualmente, é professor de Economia da Universidade de Piraeus e parceiro do Brookings Institution.

De Chipre, onde está viajando, Pelagidis respondeu por email a algumas perguntas de EXAME.com sobre o impasse atual. Veja a entrevista:

EXAME.com - Quais são as opções para a Grécia neste momento?

Theodore Pelagidis - Nenhuma. [ O primeiro-ministro Alexis ] Tsipras vai concordar com o acordo "pegar ou largar" que Merkel e Hollande [ premiê alemã e presidente francês, respectivamente ] derem para ele. Não há dúvida em relação a isso.

EXAME.com - Há alguma forma de evitar um colapso totalquando os bancos reabrirem?

Pelagidis - Com um acordo, não há problema. Tempo certamente é necessário para curar as feridas, mas quase tudo vai ficar ok. A credibilidade irá trazer dinheiro dos depositantes atualmente assustados de volta para os bancos.

EXAME.com - O Syriza insiste que não há caminho possível sem reestruturação da dívida. Os últimos números do FMIdão apoio a ideia. Por que isso não está na mesa?

Pelagidis - Um alívio da dívida só é necessário porque o Syriza destruiu o programa deste ano. Olhe para os prazos de vencimento e para os níveis de juros. 30 bilhões são o necessário para 2015.

EXAME.com - Você acredita que a Grécia está fazendo sua parte para rearranjar sua política fiscal e estimular o crescimento?

Pelagidis - Sim, até janeiro deste ano. Em 2014 tivemos crescimento do PIB, do emprego, do varejo, etc.

EXAME.com - Como você avalia a atuação do Syriza na crise?

Pelagidis - Hilária. Eles destruiram a recuperação.

EXAME.com - E a da União Europeia?

Pelagidis - Eles são responsáveis por deixar o programa nas mãos de tecnocratas de visão estreita, quando reformas eram necessárias no sistema político, na saúde e na educação.

EXAME.com - Não poderia ser positivo para a Grécia sair do euro ese recuperaratravés de uma moeda mais fraca?

Pelagidis - Você está falando sério? A economia está desde 1981 ajustando sua estrutura ao mercado comum. É como dizer para um médico de 50 anos mudar de profissão e se tornar um advogado.

EXAME.com - Você acha que a Grécia vai sair do euro?

Pelagidis - Não. De jeito nenhum. Pode esquecer.

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São Paulo - Depois da vitória do "não" no referendo de domingo, o que não faltam são questionamentos. Antes de tudo, o mundo se pergunta: a Grécia vai sair do euro ?

Para o grego Theodore Pelagidis, autor com Michael Mitsopoulis de "Grécia: da Saída à Recuperação?", a resposta é "De jeito nenhum. Pode esquecer."

Ele é um forte crítico da atuação do Syriza, mas acredita que o primeiro-ministro Alexis Tsipras vai aceitar qualquer acordo que lhe for oferecido nas reuniões de amanhã do Eurogrupo e da cúpula de líderes europeus.

Pelagidis já passou por Harvard, Columbia e London School of Economics. Atualmente, é professor de Economia da Universidade de Piraeus e parceiro do Brookings Institution.

De Chipre, onde está viajando, Pelagidis respondeu por email a algumas perguntas de EXAME.com sobre o impasse atual. Veja a entrevista:

EXAME.com - Quais são as opções para a Grécia neste momento?

Theodore Pelagidis - Nenhuma. [ O primeiro-ministro Alexis ] Tsipras vai concordar com o acordo "pegar ou largar" que Merkel e Hollande [ premiê alemã e presidente francês, respectivamente ] derem para ele. Não há dúvida em relação a isso.

EXAME.com - Há alguma forma de evitar um colapso totalquando os bancos reabrirem?

Pelagidis - Com um acordo, não há problema. Tempo certamente é necessário para curar as feridas, mas quase tudo vai ficar ok. A credibilidade irá trazer dinheiro dos depositantes atualmente assustados de volta para os bancos.

EXAME.com - O Syriza insiste que não há caminho possível sem reestruturação da dívida. Os últimos números do FMIdão apoio a ideia. Por que isso não está na mesa?

Pelagidis - Um alívio da dívida só é necessário porque o Syriza destruiu o programa deste ano. Olhe para os prazos de vencimento e para os níveis de juros. 30 bilhões são o necessário para 2015.

EXAME.com - Você acredita que a Grécia está fazendo sua parte para rearranjar sua política fiscal e estimular o crescimento?

Pelagidis - Sim, até janeiro deste ano. Em 2014 tivemos crescimento do PIB, do emprego, do varejo, etc.

EXAME.com - Como você avalia a atuação do Syriza na crise?

Pelagidis - Hilária. Eles destruiram a recuperação.

EXAME.com - E a da União Europeia?

Pelagidis - Eles são responsáveis por deixar o programa nas mãos de tecnocratas de visão estreita, quando reformas eram necessárias no sistema político, na saúde e na educação.

EXAME.com - Não poderia ser positivo para a Grécia sair do euro ese recuperaratravés de uma moeda mais fraca?

Pelagidis - Você está falando sério? A economia está desde 1981 ajustando sua estrutura ao mercado comum. É como dizer para um médico de 50 anos mudar de profissão e se tornar um advogado.

EXAME.com - Você acha que a Grécia vai sair do euro?

Pelagidis - Não. De jeito nenhum. Pode esquecer.

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