Economia

Ritmo de redução da Selic deve ser maior que o esperado

Para a consultoria Tendências, as projeções favoráveis para a taxa de câmbio e para a inflação permitem cortes maiores na taxa de juros

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h50.

Diante do conservadorismo do Banco Central (BC), a taxa básica de juros (Selic) só deve cair a partir de setembro. Mas a expectativa, a partir daí, é de uma redução mais acentuada que a prevista inicialmente, já que as projeções favoráveis para a taxa de câmbio e para a inflação permitiriam um ritmo mais veloz de queda dos juros, de acordo com a consultoria Tendências.

Em relação ao câmbio, a continuidade de saldos comerciais expressivos e o pequeno rendimento dos títulos públicos americanos levaram a consultoria a reduzir sua estimativa para a cotação do dólar neste ano. Segundo a Tendências, a taxa de câmbio média, para dezembro, deve atingir 2,55 reais por dólar, contra a projeção anterior de 2,65 reais. Para dezembro de 2006, a nova expectativa é de 2,70 reais, contra a anterior de 2,78.

A depreciação moderada do câmbio favorecerá o controle da inflação. Por isso, a Tendências também rebaixou de 6,6% para 5,8% a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA indicador que baliza as metas oficiais de inflação) deste ano. A projeção para 2006 também caiu levemente de 5,3% para 5,2%.

Preços administrados

A queda acentuada das expectativas, de 8,4% para 6%, para a variação dos preços administrados foi o principal motivo da revisão. A consultoria afirma que o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) apresenta um comportamento melhor que o previsto neste ano. Mais suscetível à variação cambial, o IGP-M é um dos índices que orienta o reajuste de alguns serviços públicos, como a telefonia. As liminares que impediram grandes reajustes da energia em Recife e Fortaleza; a possibilidade de que o preço da gasolina se mantenha até dezembro; e a redução das tarifas residenciais da Eletropaulo, em São Paulo, são outros motivos para a contenção dos preços administrados.

A Tendências acrescenta que o cenário favorável já é sentido por essa categoria de preços. Em 2004, por exemplo, os preços administrados acumularam alta de 10,19%, contra os 6,53% dos preços livres. Entre janeiro e maio deste ano, porém, os administrados subiram 3,38%, contra 3,09% dos livres. "Neste ano, os reajustes de preços administrados estão surpreendendo para baixo", afirma a consultoria, em relatório divulgado nesta quinta-feira (7/7).

Para a consultoria, a melhoria dessas variáveis deve mostrar uma crescente convergência da inflação para o centro da meta de 2006 (4,5%). Assim, haveria espaço para que o BC adotasse uma postura mais agressiva de corte dos juros, a partir de setembro. A consultoria estima que a Selic feche dezembro em 18% ao ano (contra 18,5% na projeção anterior). Para dezembro de 2006, a expectativa é de 15% ao ano (contra 15,5% antes).

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