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João Pedro Caleiro
Publicado em 24 de abril de 2018 às 17h40.
Última atualização em 24 de abril de 2018 às 18h27.
O dinheiro pode não comprar amor, mas pode comprar uma saúde melhor. E, para viver o maior tempo possível, os ricos do mundo estão dispostos a pagar uma nota.
Nas últimas décadas, a expectativa de vida de uma pessoa média aumentou em quase todos os lugares do mundo. Na China, nos EUA e na maior parte da Europa Oriental, a média da expectativa de vida ao nascer chegou a mais de 75 anos, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). As pessoas na Europa Ocidental e no Japão, por sua vez, podem esperar viver pouco mais de 80 anos.
A maioria das pessoas ricas, no entanto, espera viver mais – na verdade, muito mais: cerca de duas décadas a mais que a média. Em uma nova pesquisa da UBS Financial Services, 53 por cento dos investidores ricos disseram que esperam chegar aos 100 anos de idade.
Chegar aos três dígitos não será fácil, mas não é tão incomum quanto antigamente. Uma mulher japonesa comum agora tem uma expectativa de vida de 87 anos, segundo dados da OCDE, em comparação com 81 anos para os homens. E muitos estudos mostraram que os ricos têm uma vantagem intrínseca de longevidade.
Nos EUA, por exemplo, o 1 por cento mais rico das mulheres americanas por renda vive mais de 10 anos a mais do que o 1 por cento mais pobre, segundo um estudo de 2016 publicado no Journal of American Medical Association. Para os homens, a diferença entre os americanos mais ricos e mais pobres é de quase 15 anos.
Os ricos também parecem saber que viver até os 100 é uma perspectiva cara, que requer mais gastos com saúde, melhor alimentação, exercícios e outros serviços que podem prolongar a vida. Além disso, é necessário pagar também por tudo o que surgir nessas décadas adicionais.
Na pesquisa do UBS, que se concentrou em pessoas com mais de US$ 1 milhão em ativos que podem ser investidos, 91 por cento disseram que estão "fazendo mudanças financeiras devido ao aumento da expectativa de vida". Até mesmo os ricos estão preocupados com os custos crescentes de saúde, sugere a pesquisa.
Os ricos estão mais do que dispostos a sacrificar dinheiro pela longevidade extra. Nove de dez pessoas ricas concordaram que “a saúde é mais importante do que a riqueza”.
A UBS perguntou quanto de sua fortuna elas estariam dispostas a sacrificar “para garantir 10 anos extras de vida saudável”, e as respostas médias variaram de acordo com o nível de riqueza.
Investidores que mal são milionários, com US$ 1 milhão a US$ 2 milhões em patrimônio líquido, estavam dispostos a abrir mão de um terço de suas economias em troca de uma década adicional de vida. Investidores com mais de US$ 50 milhões estavam dispostos a desembolsar quase metade de sua fortuna.
A tendência mundial para uma vida mais longa tem apresentado uma exceção nos últimos anos - os EUA. A expectativa de vida dos americanos diminuiu por dois anos consecutivos, uma anomalia que pode ser atribuída em parte à crise do uso abusivo de opiáceos no país.
Mas, mesmo antes que o tempo de vida nos EUA começasse a diminuir por causa do uso de drogas, os dados estatísticos de saúde e longevidade ficavam muito aquém dos de outros países ricos da Europa Ocidental e da Ásia.