Arthur Oliveira Maia: para o deputado, a idade mínima para aposentadoria é o ponto mais importante da proposta (Câmara dos Deputados/Agência Câmara)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de abril de 2017 às 20h20.
Brasília - O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), afirmou nesta noite de segunda-feira, 3, que pretende apresentar seu parecer na quarta-feira da semana que vem (12) na comissão especial da Câmara dos Deputados.
Antes, o parlamentar pretende conversar com líderes de todas as bancadas da base aliada do governo e também com os líderes da oposição que se dispuserem a recebê-lo, numa "peregrinação" que começa nesta terça-feira.
"As mudanças dependem menos do governo e mais do pessoal que vai ser ouvido a partir de amanhã (terça). Eu irei a todas as bancadas para que possamos ouvir. Estou indo para colher dos deputados qual interesse eles têm de mudança e o que realmente incomoda os deputados para apoiar a PEC", disse Oliveira Maia, que se reuniu com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e técnicos do governo no Palácio do Planalto.
É a partir do relatório que serão conhecidas as mudanças no texto da reforma da Previdência e eventuais flexibilizações nas regras que foram desenhadas inicialmente pelo governo do presidente Michel Temer.
Algumas alterações já são dadas como certas, como a regra de transição, mas pontos como a idade mínima de 65 anos devem ser preservados.
"Eu continuo com essa ideia fixa em relação à idade mínima. Se não tiver a idade mínima, não há por que fazer PEC. Já temos no mundo inteiro esse critério de idade mínima", disse o relator.
Para ele, a idade mínima para aposentadoria é o ponto mais importante da proposta.
"Em relação aos homens, há um sentimento de muita aceitação por parte enorme dos parlamentares que a idade de 65 anos deve ser preservada", acrescentou Oliveira Maia.
O deputado defendeu ainda que a regra valha para todos, homens e mulheres, embora tenha dito que "não entrou nesse detalhe" durante as conversas.
"Minha ideia é que não haja diferenciação, mas vamos ouvir as bancadas."
Na reunião de hoje, Padilha e o relator da reforma acertaram os detalhes de como será o corpo-a-corpo junto às bancadas.
O governo está monitorando de perto essa movimentação e há, nos bastidores, certa preocupação com o apoio à reforma.
A avaliação é de que a aprovação do texto será fácil na comissão especial e difícil no plenário.
O Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que o ministro da Casa Civil está diretamente envolvido no mapeamento voto a voto - e ainda não arrisca placar.
A visita às bancadas deve servir para fazer ajustes no texto da reforma e, assim, diminuir a resistência dos parlamentares.
A regra de transição, por exemplo, deve ser modificada para um critério novo.
A proposta original do governo é que homens acima de 50 anos e mulheres acima de 45 anos na data da promulgação da PEC tenham de cumprir um "pedágio" de 50% sobre o tempo restante de contribuição para a aposentadoria segundo as regras atuais, escapando assim da idade mínima.
"Estamos avançando para um critério novo. O básico de uma nova regra de transição é conciliar dois fatores: idade mínima e tempo de contribuição", disse Oliveira Maia.
O relator, porém, evitou dar mais detalhes sobre como deve ficar a regra.
O deputado disse ainda que, de certa maneira, é positiva a suspensão da veiculação da campanha publicitária sobre a reforma da Previdência, já que o texto será mudado.
"Uma coisa é a PEC, outra coisa é o relatório", disse o relator.
A campanha é alvo de uma batalha judicial deflagrada por entidades contrárias à proposta, que resultou na suspensão das peças publicitárias.