Economia

Com reformas, Brasil pode crescer 6% ao ano até 2020

Economista-chefe do Bradesco diz que destravar a economia deveria ser obsessão dos ministros

Octávio de Barros, do Bradesco, defende criação de um "Ministério do Destravamento" (.)

Octávio de Barros, do Bradesco, defende criação de um "Ministério do Destravamento" (.)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2010 às 18h15.

São Paulo - Não são apenas as questões macroeconômicas como o câmbio e a inflação que preocupam os economistas brasileiros. Para Octávio de Barros, chefe do departamento de economia do Bradesco, promover reformas para resolver problemas como a pesada carga tributária e a onerosa burocracia faria o país crescer a uma taxa de 6% ao ano na próxima década.

"Precisamos criar um 'Ministério do Destravamento'. É mais do que uma simples questão de discutir a redução da burocracia. Eliminar problemas microeconômicos deveria ser uma obsessão dos ministros", disse o economista, durante seminário realizado nesta quinta-feira (24/06) na Câmara Americana de Comércio (Amcham).

Para Octávio de Barros, o país já fez o suficiente para resolver problemas de demanda. "Temos 107 milhões de habitantes com idade entre 20 e 59 anos. Somando as populações das classes A, B e C, temos 72 milhões, e devemos chegar a 90 milhões em 2020. Temos um ótimo mercado consumidor. Agora precisamos fazer reformas pelo lado da oferta."

Para tanto, o economista defende a necessidade de o governo investir em infraestrutura, com o objetivo de preparar o Brasil para uma realidade "pós-China". Barros explica que, no futuro, será natural que o país asiático perca sua notável capacidade de absorver recursos produzidos no mundo inteiro. "O momento é favorável, mas uma hora vai mudar. E nossa infraestrutura ainda é precária em muitos pontos", afirmou.

Setor público

O ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, que também participou do seminário na Amcham, apresentou números preocupantes sobre o desempenho do setor público no Brasil. Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro, a máquina estatal do país é a 128ª colocada em um ranking de competitividade com 133 países.

"Este é o nosso grande problema. Precisamos de um estado sólido, capaz de promover reformas e uma regulação eficiente, para tirarmos proveito do nosso sistema econômico", disse Delfim Netto. Por outro lado, a iniciativa privada mostra um desempenho muito melhor, ocupando a posição de número 27 no mesmo ranking de competitividade.

"Temos que melhorar a qualidade dos gastos públicos. A carga tributária hoje representa 36% do PIB, mas a parcela dos investimentos do Estado é só de 1,5%. É preciso estimular o sistema, manter aceso o espírito animal do setor privado, e garantir a eficiência microeconômica. Estas são nossas prioridades", declarou o ex-ministro.

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