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Receio de 1º trimestre com coronavírus ofusca PIB de 2019

País pode ter encerrado o último ano com um crescimento de 0,6% na comparação trimestral e 1,6% na anual, segundo estimativa de economistas para o PIB

Bolsonaro: primeiro ano de governo será ofuscado pelo receio de um enfraquecimento ainda maior da economia (Adriano Machado/Reuters)

Ligia Tuon

Publicado em 2 de março de 2020 às 17h15.

O resultado do PIB de 2019 , o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, será ofuscado pelo receio de um enfraquecimento ainda maior da economia no início deste ano. O impacto do coronavírus, somado à frustração com os dados recentes de atividade, leva economistas a preverem um PIB mais fraco ou até mesmo negativo no 1º timestre de 2020.

O Brasil pode ter encerrado o último ano com um crescimento de 0,6% na comparação trimestral e 1,6% no comparativo anual, segundo estimativa de economistas para o PIB, que o IBGE divulga no dia 4 de março.

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A importância do número do quarto trimestre se perdeu um pouco porque o coronavírus tende a impactar este começo de ano, diz Gustavo Rangel, economista-chefe para América Latina do ING em Nova York.

A economia brasileira deve crescer cerca de 0,3% neste primeiro trimestre, mas “não dá para descartar um dado negativo”, disse Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, durante evento em São Paulo no dia 19. Para ele, o choque do coronavírus é de oferta e demanda.

As preocupações com o impacto do coronavírus no Brasil e na economia global aumentaram nesta semana, que pode ser a pior para asbolsasdesde a crise financeira de 2008. As commodities, que têm elevado peso nas exportações brasileiras, caem pelo 5º dia seguido. Bancos como o BNP, BofA, UBS e MUFG reduziram a previsão para o PIB brasileiro em 2020.

Mesmo antes do surto deflagrado na China, o mercado já vinha questionando o otimismo com a retomada do crescimento após dados decepcionantes da indústria e varejo no final do ano passado.

Sem contabilizar o efeito do coronavírus, este primeiro trimestre de 2020 já deve ser negativo na margem, com retração de 0,2%, diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. “Não há como crescer” em um cenário em que o surto afeta negativamente a demanda externa e ao mesmo tempo a política fiscal continua contracionista, segundo ele.

“Há risco de um crescimento mais fraco ou mesmo queda”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, sobre os primeiros três meses deste ano. Ele diz que ainda é cedo para falar deste trimestre, mas observa que todo o cenário dos primeiros meses compromete de forma importante a dinâmica do ano. Vale ainda prevê 2% de crescimento para 2020, mas admite que o número agora é teto.

“O consenso é que o crescimento moderado continua, mas insuficiente para mudar a dinâmica de ativos financeiros, incluindo o câmbio, de maneira significativa”, disse Rangel, do ING.

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