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Real tende a se desvalorizar com novos aumentos dos juros americanos

Ata do Federal Reserve assinala que juros dos Estados Unidos continuarão subindo em ritmo moderado

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h27.

Os juros americanos continuarão subindo em um ritmo moderado nos próximos meses. Para os Estados Unidos, isso significa que o Federal Reserve (o banco central americano) enxerga que sua política monetária está inibindo a inflação sem, contudo, comprometer a expansão econômica. Para o Brasil, porém, novos aumentos, ainda que graduais, tendem a desvalorizar o real, o que pressionaria a inflação devido à elevação das matérias-primas, dos insumos e produtos importados ou cotados pelas bolsas internacionais.

Os economistas estimam que os juros americanos, que foram elevados em 0,25 ponto, para 3,25% ao ano, percentual na reunião de agosto do Fed, devem ficar entre 4% e 4,5% de dezembro deste ano e o primeiro trimestre do próximo. Quando este patamar for alcançado, espera-se um rearranjo das carteiras dos investidores internacionais, que passarão a aplicar mais recursos em títulos americanos. A saída de dólares dos países emergentes entre eles, o Brasil pressionará as taxas de câmbio locais.

"Haverá um soluço inflacionário que tornará difícil para o Copom atingir o centro da meta de inflação de 2006 [4,5%]", diz Luís Suzigan, economista-chefe da consultoria LCA. Para Suzigan, isso não significa que todo o esforço do Banco Central do Brasil em combater a inflação será jogado por terra, mas a alta dos juros americanos reduzirá o espaço de corte da Selic. A consultoria projeta que a taxa brasileira, hoje em 19,75% ao ano, começará a cair em setembro. O problema é que, com a demora em iniciar os cortes, o Copom está perdendo um tempo precioso para estimular a economia, antes que seja forçado a elevar novamente a Selic para neutralizar a política monetária americana. Para Suzigan, será difícil, num cenário de juros altos nos Estados Unidos, que a Selic recue significativamente em 2006.

O lado positivo da desvalorização do dólar seria estimular ainda mais as exportações brasileiras. Mas as perspectivas do comércio internacional para o próximo ano também não são animadoras. Segundo o economista, juros maiores nos Estados Unidos tenderão a desviar recursos financeiros para aplicações de renda fixa, reduzindo a liquidez do mercado internacional. Com isso, o consumo americano deve se retrair e a economia mundial pode desacelerar.

Sem uma demanda externa forte fator que sustenta hoje o aumento das exportações do Brasil, apesar do real valorizado a expansão das exportações deve desacelerar e o preço das commodities, que compõem parte importante da pauta brasileira, podem cair. Assim, no momento em que o dólar ficar atraente para o exportador, o mercado externo tende a estar menos aberto aos produtos.

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