Economia

Enquanto covid-19 renova recordes, países calibram reabertura de economias

O rigor das medidas de confinamento contra a pandemia caiu nas últimas semanas nas principais economias do mundo, como mostra relatório da EXAME Research

Pessoas andam na calçada ao lado de mesas de restaurante cheias de clientes na cidade de Hamburgo, Alemanha. 26 de junho de 2020.  (Jonas Walzberg/Getty Images)

Pessoas andam na calçada ao lado de mesas de restaurante cheias de clientes na cidade de Hamburgo, Alemanha. 26 de junho de 2020. (Jonas Walzberg/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 27 de junho de 2020 às 09h00.

Última atualização em 27 de junho de 2020 às 11h20.

Após começar com um novo recorde mundial de novos casos de coronavírus. em 24 horas, a semana terminou com os Estados Unidos batendo seu próprio recorde, mas avisando que descartam uma quarentena em todo o país.

O avanço da covid-19 em alguns estados da região Sul americana pode levar mais governadores a rever planos de reabertura. Já aconteceu no Texas, onde o mandatário Greg Abbott voltou a fechar os bares na sexta-feira devido ao aumento dos casos.

Estados como Arizona, Utah, Carolina do Norte e Flórida vão na mesma direção. Nova York, enquanto isso, mostra redução expressiva do número de infeccções diárias e marcou para 6 de julho a reabertura de locais para esporte, em mais um passo da sua reabertura, que envolve mais de 300 mil trabalhadores retomando suas atividades em segmentos como serviços de escritórios, lojas, restaurantes ao ar livre, cabeleireiros e barbearias.

Cenários opostos como esses são vistos pelo mundo todo. Apesar de a covid-19 ter voltado a alarmar regiões onde a curva de infeccções arrefecia — alimentando os temores de novas ondas de contágio —, a reabertura gradual das principais economias tem avançado à medida que os países flexibilizam suas medidas de distanciamento social. 

Pessoas participam de aula de zumba em estacionamento de Islip, Nova York, em 26 de junho de 2020. O governador do estado anunciou que academias, shoppings e cinemas não poderão reabrir por enquanto.

Pessoas participam de aula de zumba em estacionamento de Islip, Nova York, em 26 de junho de 2020. O governador do estado anunciou que academias, shoppings e cinemas não poderão reabrir por enquanto. (Al Bello/Getty Images)

Na última semana, o índice de rigor das regras de confinamento recuou, como mostra relatório da EXAME Researh desta sexta-feira, assinado pelo economista Arthur Mota.

A situação é menos grave na Europa, onde os índices de rigor da quarentena de países como Áustria e Alemanha já recuaram 48% e 24%, respectivamente, quando comparado com o auge da crise, em março e abril.

Isso apesar do reaparecimento de focos de coronavírus recentemente em alguns distritos alemães, como Gütersloh, no oeste do país, onde 1.553 funcionários de um frigorífico testaram positivo para a doença, fazendo com que autoridades endurecessem as regras de quarentena para evitar uma nova onda. Essa rápida intensificação de rigor fez o índice subir 2,6% na média dos últimos 7 dias, diz a casa de análise.

De acordo com o relatório, e apesar de novos surtos localizados, a Alemanha ainda é um dos destaques positivos de queda da média móvel de mortes entre as principais economias. Estão junto ao país o Reino Unido e a Itália, cujo pico das infeções foi superado há seis semanas.

Clientes nas mesas de um café em Turim, na Itália, na terça-feira, 23 de junho de 2020.

Clientes nas mesas de um café em Turim, na Itália, na terça-feira, 23 de junho de 2020. (Federico Bernini / Bloomberg/Getty Images)

A Itália também vive um processo acelerado de reabertura, com queda de 58% do rigor desde abril. "Provavelmente é o caso mais notório de sucesso após uma forte crise que ganhou destaque internacional pelo expressivo avanço da pandemia e na exaustão do sistema de saúde em algumas cidades", esceveu Mota. Assim como a Espanha, com o índice 28% abaixo do pico de abril.

Abaixo da linha do Equador

O mesmo não acontece na América do Sul. As taxas medidas de restrição ainda seguem elevadas em comparação ao passado recente da região e na comparação com pares europeus, escreve Mota. Apesar disso, outros indicadores já mostram o início de uma flexibilização.

Pela métrica do nível de rigor na quarentena, o Brasil mostrou relaxamento de 4,6% entre a última semana de maio e a semana passada, até o dia 26. Com curvas de contágio mais suaves do que em outras regiões, São Paulo e Rio de Janeiro afrouxaram mais o isolamento social. Cidades de ambos os estados começaram a reabrir shoppings centers e o comércio geral para o público, embora com funcionamento reduzido, no último dia 11, após mais de dois meses fechados. O processo de reabertura das escolas já está em debate na capital paulista.

Na sexta-feita, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que a capital e mais 14 municípios da região metropolitana poderão abrir bares e restaurantes, com capacidade e horários limitados. Disse também que 17 regiões do estado tiveram reclassificação da quarentena e a capital passou da fase 2 para a fase 3. O prefeito da capital, Bruno Covas, avisou que não pretende dar essa passo agora.

Vale ressaltar que, se na capital o coronavírus perdeu força, no interior do estado avança com rapidez. Municípios como o de Franca, Araçatuba, Bauru, Sorocaba e Piracicaba regrediram para a fase vermelha do plano de ataque do estado. Nesses locais, comércio, shopping centers, concessionárias e outras atividades deverão voltar a fechar.

Em estados de Norte, Nordeste Centro-Oeste a trajetória do vírus também preocupa, sobretudo, nos estados de Rondônia, Acre, Piauí, Sergipe, Bahia, Mato Grosso e Goiás - destaca o relatório. Já o avanço na região Sul, em Santa Catarina e Paraná, mostrava trajetória mais positiva em leituras anteriores.

A curva de mortes está ascendente no Brasil ainda em ritmo muito elevado, alerta o relatório. O movimento reflete, dentre outras coisas, uma taxa grande de contaminação em boa parte dos estados brasileiros. O Brasil passou a marca de um milhão de casos no último dia 19, se tornando o segundo mais afetado pela doença em todo o mundo.

"Vale ressaltar que a evolução no número de mortes é uma das métricas de acompanhamento da covid-19 nesse caso por conta do baixo número de testagem e, portanto, subnotificação no número de registros".

No caso do Chile, outro exemplo latino americano, o aumento do rigor com a quarentena foi expressivo de 50% em relação a março, quando as medidas de confinamento começaram, em função de uma recente escalada no número de mortes pela doença. A média móvel de 7 dias com o número de mortos por dia saiu de 92 para 162 na passagem da semana, ressalta o relatório. O México é outro que segue distante da retomada da normalidade urbana, com recordes de casos diários da doença.

"A extensão territorial e a diferença regional ocultam algumas reaberturas que já estão na esteira desses países, com as pricipais metrópoles ainda com restrições ativas, mas com aceleração da normalização ainda no mes de junho. O inicio da normalização da economia desse spaíses de grandes fronteiras tanto no norte e no sul da america deve abrir o espaço para os demais países da região trilharem e acelerarem o mesmo caminho", diz Mota.

Acompanhe tudo sobre:AcreCoronavírusExame ResearchMato GrossoRio de JaneiroRondôniasao-paulo

Mais de Economia

Novos dados aumentam confiança do Fed em desaceleração da inflação, diz Powell

Lula pede solução de contradições de europeus para acordo com Mercosul

Crescimento econômico da China desaponta e pressiona Xi Jinping

Prévia do PIB: IBC-Br sobe 0,25% em maio, após estabilidade em abril

Mais na Exame