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Racismo é economicamente burro, diz Ana Bavon, consultora em diversidade

"A gente vai precisar de todos e estamos excluindo 55% da população", diz em entrevista do UM Brasil antecipada com exclusividade para EXAME

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Ana Bavon, consultora de diversidade (Amanda Rodrigues/Divulgação)

Ana Bavon, consultora de diversidade (Amanda Rodrigues/Divulgação)

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João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de junho de 2020 às, 12h07.

Última atualização em 25 de junho de 2020 às, 13h27.

O racismo é economicamente burro, diz Ana Bavon, consultora especializada no desenvolvimento de estratégias de diversidade em empresas com foco em raça e gênero. Chegou a hora do Brasil "deixar de apagar incêndio" e pensar na inclusão pra valer, inclusive para acelerar a recuperação pós-pandemia:

"A gente vai precisar de todos e estamos excluindo 55% da população", diz em entrevista com a jornalista Juliana Rangel para o UM Brasil, projeto da FecomercioSP, antecipada com exclusividade para EXAME.

O tema foi capa da última edição da revista EXAME, que destacou que nenhum país pode ser rico ignorando metade de sua população.

Bavon brinca que o Brasil se vê como uma "ilha de democracia racial cercado de racismo por todos os lados", citando uma frase da escritora Lilia Moritz Schwarcz.

Em pesquisas, é comum o brasileiro reconhece que a questão existe ao mesmo tempo em que diz não conhecer pessoalmente ninguém que é racista.

A consultora destaca que os protestos disparados pelo assassinato de George Floyd por um policial nos Estados Unidos, e que se espalharam pela Europa e pelo mundo, obrigaram também o Brasil a encarar seu racismo: "A gente tem um hábito muito louco de olhar para fora e depois olhar pra dentro".

Este olhar diferente passa por, seja do engajamento das empresas, como foi o caso de Netflix e Nike nos Estados Unidos, e também no mundo da tecnologia.

Os algoritmos, por exemplo, não são neutros; partem de perfis e é preciso pensar como (e por quem) estão sendo construídos. Um exemplo que ela cita é o dos aplicativos de envelhecimento do rosto. Quando aplicados em pessoas negras, a transformavam em brancas.

"A gente está pegando todos esses viéses e transferindo eles para as máquinas, e as soluções estão sendo trabalhadas de forma preconceituosa", diz Bavon.

Isso sinaliza para a necessidade de pensar o racismo de forma mais ampla e estrutural; quem está sendo formado nas universidades de engenharia e na área de exatas, por exemplo? Da mesma forma, as empresas precisam pensar muito além de apenas contratar pessoas diversas.

"Não basta parecer mais diversa. Então, se uma empresa abre um processo seletivo para pessoas negras, ou para contratar mais mulheres e outras diversidades, depois, será preciso pensar em como reter essas diversidades", diz Bavon.

"A cultura da empresa é propícia para que essas diversidades possam se expressar, possam trazer suas ideias e gerar valor? Elas têm a segurança psicológica suficiente para serem quem são? Não adianta atrair a diversidade e, depois, não deixar ela falar", completa.

Veja a entrevista na íntegra:

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