Economia

Putin quer Rússia entre as maiores economias do mundo

Apesar das sanções econômicas impostas por países ocidentais desde 2014, o presidente russo disse que o país está avançando na direção correta

13,2% dos russos, o equivalente a 19,3 milhões de pessoas, tinham uma renda inferior ao limite da pobreza em 2017 (Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin/Reuters)

13,2% dos russos, o equivalente a 19,3 milhões de pessoas, tinham uma renda inferior ao limite da pobreza em 2017 (Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de junho de 2018 às 11h52.

A uma semana do início do Mundial da Rússia, o presidente Vladimir Putin afirmou que o país está em um bom caminho e reiterou seu objetivo de aumentar a expectativa de vida de seus compatriotas, reduzir a pobreza e colocar sua economia entre as cinco primeiras do mundo.

Como acontece a cada ano, Putin respondeu a perguntas no programa "Linha Direta" da televisão russa, falando da evolução do preço do combustível até o custo elevado dos estádios construídos para o Mundial de futebol.

Antes de responder às perguntas dos cidadãos comuns, Putin reafirmou os objetivos de seu novo e quarto mandato presidencial, que termina em 2024.

"No conjunto, avançamos na direção correta", afirmou Putin, que destacou uma perspectiva de crescimento duradouro da economia com uma inflação, segundo ele, historicamente baixa.

"Claro, temos que solucionar determinados problemas", acrescentou.

Desde 2014, a Rússia enfrenta sanções econômicas dos países ocidentais, devido à crise ucraniana.

Todos os anos, Putin promete no "Linha Direta" solucionar os problemas cotidianos dos russos, faz confidências sobre sua vida privada, critica ao vivo os dirigentes regionais e se permite fazer algumas brincadeiras.

Mais de dois milhões de russos enviaram perguntas para Putin, segundo cifras divulgadas pelo canal de televisão Rossia 24, organizadora do programa.

Este ano, Putin introduziu uma novidade, chamando ao vivo por videoconferência os dirigentes regionais e ministros para que se explicassem sobre as perguntas e queixas feitas pelos cidadãos.

O primeiro a participar nessa nova modalidade foi o ministro da Energia, Alexandre Novak, que teve de responder a uma incisiva pergunta sobre o aumento dos preços dos combustíveis.

"Presidente, em 18 de março todo o país votou no senhor, e o senhor é incapaz de frear a alta do combustível", questionou o telespectador Alexei.

A uma semana do Mundial de futebol, que começa no dia 14, o presidente afirmou que fará tudo o que for necessário para tornar os estádios construídos rentáveis após a Copa. Alguns ficam em cidades com pouca tradição no futebol. Sua construção teria chegada a pelo menos 13 bilhões de dólares.

A maioria das perguntas feitas durante o programa tinha a ver com as dificuldades econômicas após anos de crise.

Todos os anos, a população aproveita o "Linha Direta" para reclamar com o presidente sobre os problemas cotidianos, em particular nas províncias mais distantes, falando dos salários de miséria aos desastres ecológicos, passando pela ineficácia da administração no geral.

Os anos de crise econômica, a queda dos preços do petróleo e as sanções ocidentais afundaram o poder aquisitivo e a renda dos russos.

Apesar do crescimento, a pobreza, que progrediu durante a recessão, não retrocedeu em 2017.

No ano passado, 13,2% dos russos, o equivalente a 19,3 milhões de pessoas, tinham uma renda inferior ao limite da pobreza.

Mas, além dos problemas econômicos, Putin respondeu a perguntas sobre as tensões com as potências ocidentais, a Síria e o envenenamento do ex-espião russo residente no Reino Unido Serguei Skripal.

Putin assegurou que as tropas russas presentes na Síria em apoio ao regime desde 2015 ficarão nesse país enquanto for do interesse de Moscou.

"As operações militares de grande envergadura já terminaram. Nossos militares estão lá para assegurar os interesses da Rússia nessa região de vital importância e ficarão até que a Rússia tenha interesse e cumpra nossas obrigações internacionais", acrescentou.

A respeito de trocar o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, preso na Rússia por acusação de "terrorismo", pelo jornalista da agência de notícias russa Kyrylo Vychynski, detido desde maio em Kiev, Putin descartou uma troca.

"No momento, não pensamos nisso. Achamos que o bom senso deve predominar na Ucrânia e esperamos obter a liberdade do jornalista russo", concluiu.

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