Promessas de campanha de Kamala e Trump podem pressionar inflação e juros nos EUA, diz Campos Neto
Segundo o presidente do Banco Central, sinalizações de candidatos de política fiscal “frouxa”, de aumento dos impostos de importação e de políticas anti-imigração podem elevar preços de produtos e serviços
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 13 de agosto de 2024 às 11h16.
Última atualização em 13 de agosto de 2024 às 12h34.
As promessas de campanha nos Estados Unidos sinalizadas pelo candidato republicano, Donald Trump, e pela candidata democrata, Kamala Harris, têm potencial de aumentar significativamente a inflação do país.Três pautas preocupam os analistas de mercado, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 13.
As principais pressões inflacionárias sinalizadas pelos candidatos são uma política fiscal considerada “frouxa” e expansionista, o aumento dos impostos de importação para produtos chineses e as políticas para frear o processo de imigração.
"Quando a gente olha as campanhas nos Estados Unidos, o que tem sido dito pelos candidatos, a gente tem basicamente um conjunto de políticas que leva a crer que inflação americana será mais alta", disse.
Pressões inflacionárias
Segundo Campos Neto, estudos compilados pelo BC mostram que se fossem deportados dos Estados Unidos 7,5 milhões de pessoas a inflação teria um aumento de 3 pontos percentuais. A deportação de 1,3 milhão de pessoa aumentaria os preços em 0,5 ponto percentual.
Além disso, ele sinalizou que uma elevação de 10 pontos percentuais das tarifas de importação pelos Estados Unidosteria um impacto inflacionário de 1,1 ponto percentual.
"Promessas de campanha nem sempre são realizadas, mas o que isso pode significar é uma dificuldade maior dos Estados Unidos de trabalhar com a inflação bem mais baixa e ter juros que tinha antes da pandemia", disse.