Produtividade agrícola desacelera
Depois da explosão dos anos 90, provocada pela tecnologia de melhoramento de sementes, o número de toneladas colhidas por hectare se estabiliza
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h25.
A produtividade agrícola do Brasil não consegue manter, nesta década, o mesmo ritmo de crescimento que mostrava nos anos 90. O índice de cerca de 2,6 toneladas de grãos por hectare permanece quase inalterado entre 2001 e 2003, segundo a previsão de plantio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A estabilização indica que a tecnologia de produção de sementes esbarrou em um limite e toma fôlego antes de ultrapassá-lo. Um dos motivos é a abertura de novas fronteiras agrícolas. Para aumentar a produtividade das sementes que vendem a cada ano, as empresas produtoras (como Embrapa, Monsanto e Cargill) precisam adaptá-las a condições locais -- solo, clima e pragas, entre outras. Só que as regiões de condições mais conhecidas são, naturalmente, os principais pólos produtores de grãos, Mato Grosso e Paraná, que já extraem produtividade altíssima de seu solo.
O desafio agora é produzir sementes específicas para as novas fronteiras agrícolas, como Bahia, Maranhão e Piauí, cujas condições ainda estão em estudo. A primeira semente de soja da Embrapa feita especificamente para a Bahia, a BRS Barreiras, só começou a ser experimentada comercialmente no ano passado.
Quando esse obstáculo for superado, a produtividade poderá retomar índices de crescimento como os da década passada. Só nas primeiras três colheitas, de 1991 a 1993, o aumento foi de 25%, de 1,5 para 1,9 tonelada por hectare. A evolução ao longo dos anos 90 foi irregular, mas, na conta final, de 1991 a 2001, o crescimento foi de astronômicos 74%, até o patamar de 2,6 toneladas por hectare.
Desde então, o índice caiu um pouco em 2002 e deverá crescer um pouco em 2003, mas de forma muito discreta. Na melhor das hipóteses previstas (máximo de grãos num mínimo de área), o Brasil colherá 2,7 toneladas por hectare. Na pior das hipóteses (mínimo de grãos num máximo de área), o país colherá 2,5 toneladas por hectare.