Economia

Produção Industrial

Melhor, mas não para todos O desempenho da indústria brasileira melhorou discretamente em 2002, segundo o IBGE. Mas nem todos os setores de negócios tiveram motivos para comemorar. O crescimento esteve ancorado principalmente nas indústrias voltadas para a exportação. Em geral, as demais, dependentes do mercado interno, sofreram com o desaquecimento da economia do país. […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.

Melhor, mas não para todos

O desempenho da indústria brasileira melhorou discretamente em 2002, segundo o IBGE. Mas nem todos os setores de negócios tiveram motivos para comemorar.

O crescimento esteve ancorado principalmente nas indústrias voltadas para a exportação. Em geral, as demais, dependentes do mercado interno, sofreram com o desaquecimento da economia do país.

A indústria de móveis, que só recentemente concentrou esforços para encontrar clientes fora do país, está no segundo time. Em 1998, os integrantes da Abimóvel, a associação da indústria moveleira, criaram um programa para incentivar a exportação e amenizar os efeitos das oscilações do mercado interno nos negócios.

De 2000 a 2002, o volume exportado passou de 488 milhões de dólares para 535 milhões. No mesmo período, as receitas totais dessas empresas caíram 8%. A pulverização do setor é um dos obstáculos à sua rápida organização. Das 18 000 existentes, 83% têm menos de 150 funcionários.

O pólo de São Bento do Sul, no interior catarinense concentra 53% da exportação, embora a maior parcela da produção venha do estado de São Paulo.

Buracos no caminho

Em mais um ano de maus resultados para a indústria automobilística, até a produção de comerciais pesados e caminhões, que havia crescido entre 1999 e 2001, diminuiu ao longo de 2002. Nos casos de automóveis e de ônibus, os volumes se mantiveram estáveis, sobretudo devido ao esforço das montadoras para incrementar as exportações. As receitas com vendas ao mercado externo aumentaram de 1,9 bilhão de dólares em 1999 para 2,6 bilhões em 2002, segundo a Anfavea, a associação nacional dos fabricantes de veículos.

O setor ainda opera com uma das mais altas taxas de ociosidade da indústria brasileira, em torno de 40%. A origem do problema está nas previsões de explosão de mercado que as montadoras fizeram na época da produção recorde de 1997 e da estabilização da economia. As empresas do setor investiram mais de 20 bilhões de dólares em ampliação das fábricas nos anos seguintes. Uma das medidas mais aguardadas para melhorar o cenário é a aprovação do Modercarga, programa do governo federal para financiar a renovação da frota de caminhões. Algo semelhante já foi feito para máquinas agrícolas, com sucesso.

Safra de boas notícias

Se nas ruas e nas estradas os motores estão rateando, no campo eles estão ligadíssimos. A produção de máquinas agrícolas cresce ano a ano na mesma proporção que as safras dos agricultores brasileiros. Em 2003, eles já anunciaram um novo recorde -- 116 milhões de toneladas, um aumento de quase 20% em relação à colheita do ano anterior.

A produção de máquinas, como colheitadeiras, cultivadoras e tratores -- utilizadas nas plantações de soja, milho, algodão e arroz pelo país afora --, cresceu 85% em três anos, para 52 000 unidades em 2002. Desse total, os tratores de rodas representaram 79%.

As vendas da Case New Holland, a maior fabricante de máquinas agrícolas instalada no país, cresceram cerca de 30% no primeiro semestre de 2003. A área agrícola gerou 65% da receita bruta de 1,5 bilhão de reais da Case New Holland no Brasil em 2002.

O segmento de máquinas para construção respondeu pelo restante. A companhia deverá investir 120 milhões de dólares até o final de 2003, para ampliar a produção de suas duas fábricas de máquinas agrícolas, localizadas em Curitiba, no Paraná, e em Piracicaba, no interior paulista.

O bom é olhar para fora

No panorama recente da economia brasileira, as boas notícias se tornaram quase uma exclusividade dos setores orientados para exportação. Entre os privilegiados estão os de alumínio e papel e celulose e pisos e azulejos, setores nos quais o Brasil consegue chegar ao mercado externo com preços competitivos. Para atender à demanda,

os fabricantes vêm aumentando o ritmo de trabalho. Nos últimos dez anos, as indústrias de papel e celulose, por exemplo, investiram 12 bilhões de dólares na ampliação da capacidade produtiva.

As vendas no mercado externo, que eram de pouco mais de 1 bilhão de dólares no início da década de 90, alcançaram 2,1 bilhões de dólares em 2002. À exceção do alumínio primário, que sofreu o impacto da crise energética em 2001, os três setores crescem continuamente desde 1994. E há sinais de que o mercado deverá continuar favorável nos próximos anos. A CBA, uma das maiores do setor de alumínio, pertencente ao grupo Votorantim, inaugurou uma nova unidade com investimentos de 370 milhões de reais em outubro de 2003. O grupo já anunciou que deverá investir até 2006 mais 300 milhões de dólares em nova expansão de capacidade.

Dificil de sintonizar

Os fabricantes de produtos eletroeletrônicos tiveram mais um ano de retração em quase todas as categorias da linha marrom, a dos televisores e aparelhos de som, e também da linha branca, de geladeiras e fogões.

No caso de TVs em cores, o volume produzido em 2002 caiu abaixo da metade do realizado em 1996. A exceção é o DVD: houve um crescimento de 48% em 2002 em relação ao ano anterior. Os raros investimentos no setor vêm sendo feitos para nacionalizar a produção e reduzir custos, porque a desvalorização cambial praticamente inviabilizou as importações. A coreana LG iniciou em outubro de 2002 a produção de monitores de plasma e de DVDs em sua fábrica de Manaus, com investimento de 2 milhões de dólares.

Algumas empresas de eletroeletrônicos se movimentam para oferecer produtos populares.

A paranaense Britânia, fabricante de ventiladores e secadores de cabelo, entrou em 2002 no mercado de aparelhos de som portáteis, trazendo equipamentos da China a preços baixos.

A americana GE, no início de 2003, comprou a fábrica de geladeiras da CCE, voltada para a faixa popular. Nos anos 90, a GE havia incorporado a Dako, dona de 40% do mercado de fogões do país.

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