Resultado do IBC-Br frustrou a expectativa de crescimento de 0,5 por cento no mês na mediana das projeções em pesquisa Reuters com analistas (milanvirijevic/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 14 de julho de 2017 às 08h41.
Última atualização em 14 de julho de 2017 às 09h43.
São Paulo - A economia brasileira pisou no freio e frustrou as expectativas ao apresentar contração em maio, informou o Banco Central nesta sexta-feira em dados captados em parte antes da crise política e que dão um sinal de recuperação ainda fraca, chancelando a trajetória de corte de juros.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,51 por cento em maio ante abril, em dado dessazonalizado. Essa foi a queda mais intensa desde agosto passado, quando o índice recuou 0,7 por cento
A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era decrescimento de 0,5 por cento na mediana das projeções..
"A economia continua nessa toada de recuperação gradual com oscilações que são naturais. Dificilmente teremos vários meses seguidos de crescimento expressivo", afirmou a economista-chefe da consultoria Rosenberg & Associados, Thais Marzola Zara.
Os dados do IBC-Br foram captados em parte antes da eclosão da crise política que afeta o presidente Michel Temer, o que tem atingido a confiança dos agentes econômicos.
Esse é o segundo resultado negativo no ano para o indicadobr, que incorpora projeções para a produção nos setores de serviços, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos. A outra retração foi vista em março.
Destacando ainda mais a fraqueza da atividade, o BC revisou o número de abril para uma alta de 0,15 por cento, contra avanço de 0,28 por cento divulgado anteriormente.
A queda na atividade ainda favorece a trajetória de queda da taxa básica de juros promovida pelo BC e dá mais espaço para novo corte de 1 ponto percentual da Selic, atualmente em 10,25 por cento.
O resultado de maio do IBC-Br tem como pano de fundo uma queda inesperada nas vendas no varejo em maio, de 0,1 por cento.
O varejo soma-se a um resultado fraco também do setor de serviços, o que acabou por ofuscar a melhora da indústria, que teve expansão de 0,8 por cento.
Esses resultados também são encarados com cautela já que podem ainda não ter refletido na totalidade a profunda crise política que eclodiu em meados de maio, quando delações de excutivos do grupo J&F levaram à denúncia por crime de corrupção contra Temer.
"O crescimento deve permanecer fraco e volátil durante 2017 dada a alta incerteza política e de política econômica, e uma série de outros fatores estruturais", escreveu em nota o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
Nas leituras de junho feitas pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a confiança do consumidor caiu e devolveu a alta de maio, enquanto que a do comércio recuou ao nível de março e a da indústria teve o menor nível desde fevereiro. Por fim, também em junho, a de serviços teve a maior queda desde setembro de 2015.
Na comparação com maio de 2016, o IBC-Br apresentou variação positiva de 0,04 por cento, enquanto que no acumulado em 12 meses houve recuo de 2,22 por cento, sempre em números dessazonalizados.
Especialistas consultados na mais recente pesquisa Focus do BC veem crescimento do PIB neste ano de apenas 0,34 por cento, acelerando a 2 por cento em 2018.