Repórter
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 09h21.
Última atualização em 23 de dezembro de 2025 às 09h54.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador da prévia da inflação oficial do Brasil, fechou o mês de dezembro com alta de 0,25%; 0,05 ponto percentual acima do resultado de novembro (0,20%). No ano, o indicador acumulou alta de 4,41%.
O resultado veio levemente abaixo das expectativas do mercado, que projetavam alta mensal de 0,27% e acumulado em 12 meses de 4,43%.
No recorte regional, dez das onze áreas de abrangência registraram alta dos preços em dezembro. A maior variação foi observada em Porto Alegre, com avanço de 0,5%, influenciado principalmente pelas altas nas passagens aéreas (11,32%) e na energia elétrica residencial (5,86%).
Já o menor resultado do mês ocorreu em Belém, que teve queda de 0,35%, pressionada pelas reduções nos preços de hospedagem (-53,72%) e de itens de higiene pessoal (-1,6%).
Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta no mês de dezembro. O maior avanço mensal e o principal impacto positivo no índice vieram do setor de transportes, que subiu 0,69% e respondeu por 0,14 ponto percentual do resultado.
Dentro do grupo, o destaque foi a passagem aérea, que avançou 12,71% no mês e teve o maior impacto individual, de 0,09 ponto percentual. Também contribuíram para a alta os preços do transporte por aplicativo, com aumento de 9% e impacto de 0,02 ponto percentual.
Os combustíveis subiram 0,26% em dezembro, após queda de 0,46% em novembro. O resultado reflete as altas de 1,7% no etanol e de 0,11% na gasolina. Já o gás veicular e o óleo diesel apresentaram recuos de 0,26% e 0,38%, respectivamente.
Ainda em Transportes, o ônibus urbano registrou queda de 0,69%, influenciada pelas gratuidades concedidas aos domingos e feriados em Belém (-5,93%) e Brasília (-7,43%), além da redução de tarifa em Curitiba (-3,41%).
No metrô, a retração foi de 0,62%, com o mesmo movimento em Brasília (-7,43%).
Em São Paulo, houve queda de 0,20% no metrô e de 0,11% no trem. O resultado considera a liberação do pagamento de passagem nos dias de realização das provas do Enem, em 9 e 16 de novembro.
Além do setor de transportes, outros grupos também influenciaram o IPCA-15 de dezembro. Vestuário avançou 0,69%, puxado pelas altas nas roupas infantil (1,05%), feminina (0,98%) e masculina (0,70%).
A categoria de despesas pessoais desacelerou de 0,85% para 0,46%, com queda na hospedagem (-1,18%), mas pressão de serviços como cabeleireiro e barbeiro (1,25%), empregado doméstico (0,48%) e pacote turístico (2,47%).
Em habitação, a alta foi de 0,17%, influenciada por aluguel residencial (0,33%), água e esgoto (0,66%) e gás encanado (0,28%), enquanto a energia elétrica residencial recuou 0,22%, refletindo a mudança da bandeira tarifária vermelha para a amarela, apesar de reajustes regionais.
Já o grupo de alimentação e bebidas, de maior peso no índice, subiu 0,13%, com a alimentação no domicílio em queda pelo sétimo mês seguido (-0,08%), puxada por recuos de tomate, leite longa vida e arroz, enquanto carnes e frutas avançaram; fora de casa, a alta foi de 0,65%, com aumento de lanche e refeição.
Por fim, artigos de residência caíram 0,64%, pressionados pelas quedas em eletrodomésticos, equipamentos, TV, som e informática.
| Grupo | Variação Mensal (%) | Impacto | Variação Acumulada (%) | |||
|---|---|---|---|---|---|---|
| (p.p.) | ||||||
| Outubro | Novembro | Dezembro | Dezembro | Trimestre | 12 meses | |
| Índice Geral | 0,18 | 0,20 | 0,25 | 0,25 | 0,63 | 4,41 |
| Alimentação e bebidas | -0,02 | 0,09 | 0,13 | 0,03 | 0,20 | 3,57 |
| Habitação | 0,16 | 0,09 | 0,17 | 0,02 | 0,42 | 6,69 |
| Artigos de residência | -0,64 | -0,20 | -0,64 | -0,02 | -1,47 | -0,10 |
| Vestuário | 0,45 | 0,19 | 0,69 | 0,03 | 1,34 | 5,34 |
| Transportes | 0,41 | 0,22 | 0,69 | 0,14 | 1,33 | 3,00 |
| Saúde e cuidados pessoais | 0,24 | 0,29 | -0,01 | 0,00 | 0,52 | 5,55 |
| Despesas pessoais | 0,42 | 0,85 | 0,46 | 0,05 | 1,74 | 5,86 |
| Educação | 0,09 | 0,05 | 0,00 | 0,00 | 0,14 | 6,26 |
| Comunicação | -0,09 | -0,19 | 0,01 | 0,00 | -0,27 | 0,82 |
| Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. | ||||||
O cálculo do IPCA é realizado pelo IBGE e envolve várias etapas e considerações importantes. Vamos entender como isso é feito:
O IPCA é calculado com base em uma amostra de produtos e serviços que representam os gastos das famílias brasileiras. Essa amostra é composta por cerca de 400 itens, que incluem alimentos, bebidas, habitação, transporte, saúde, educação, entre outros. A seleção dos itens é feita com base em pesquisas de orçamento familiar e em dados de consumo das famílias.
Para calcular o IPCA acumulado, o IBGE realiza uma pesquisa de preços em estabelecimentos comerciais de todo o país. Essa pesquisa é realizada mensalmente e envolve cerca de 30 mil estabelecimentos, incluindo supermercados, lojas de departamento, postos de combustível, entre outros. Os preços dos produtos e serviços são coletados e comparados com os preços do mês anterior.
Os itens da amostra do IPCA são ponderados conforme a sua participação nos gastos das famílias brasileiras. Itens que representam uma parcela maior dos gastos têm um peso maior no cálculo do IPCA. Essa ponderação é feita com base em dados de orçamento familiar e em pesquisas de consumo.
O IPCA é calculado a partir da variação dos preços dos produtos e serviços da amostra. Essa variação é medida em relação ao mês anterior e é ponderada segundo a participação de cada item nos gastos das famílias. O resultado é um índice que reflete a variação média.
Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 16 de maio a 14 de junho de 2024 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 16 de abril a 15 de maio de 2024 (base).
O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.