(Rickey Rogers/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 19h47.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 12h26.
Divulgado nesta quarta-feira (24) pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,48 por cento em fevereiro, pressionado principalmente pela alta no preço dos combustíveis e do transporte. Apesar de ser o maior resultado para o mês de fevereiro desde 2017, o índice fechou dentro das expectativas do mercado, que mantém suas projeções para o resultado final de 2021.
"Nosso call segue o mesmo, com projeção de 3,9% para o IPCA no final do ano", explica Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, que já contempla no cálculo a concessão de auxílio emergencial R$250 reais, por quatro meses, para 10 milhões de pessoas acima do Bolsa Família. "Também vimos que os núcleos de inflação continuaram numa trajetória ascendente, mas não tão forte quanto poderia ser. Isso significa que o IPCA deve seguir avançando, mas não de maneira tão célere quanto imaginávamos."
Depois dos combustíveis, o segundo maior impacto no IPCA-15 de fevereiro foi registrada no grupo de Educação (2,39%). Para o economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, essa alta é a informação de maior destaque dessa apuração do índice, porque indica a variação do setor para o ano.
"As escolas deram muitos descontos durante a pandemia e, ainda pelo mesmo motivo, começam este ano sem um modelo operacional definido, o que pressiona os preços", explica Braz, destacando que alguns reajustes de combustíveis que aconteceram antes mesmo da troca de comando na Petrobrás ainda não foram captados pelo IPCA-15. Essas altas devem levar o IPCA ligeiramente acima do 0,5% no início de março.
Apesar dos resultados dentro do esperado pelo mercado, Braz pontua que as turbulências em Brasília, como a própria demissão de Castello Branco e o risco de ter um novo modelo de reajuste dos combustíveis (fora do padrão internacional) podem trazer à mesa desconfianças, impactando o cumprimento da meta no final do ano.
"Esses movimentos trazem ao mercado incertezas que levam a uma desvalorização do real frente ao dólar, o que deixa muitos produtos bem mais caros para o brasileiro", explica o economista da FGV. "Isso pode fazer com que, no final do ano, a gente não cumpra a meta e tenha uma inflação mais alta, na casa dos 4,5%."