Pressão sobre Guedes deve aumentar com alta do desemprego
Ministro da Economia participa hoje de comissão que acompanha gastos no combate à pandemia
Ligia Tuon
Publicado em 30 de abril de 2020 às 06h18.
Última atualização em 30 de abril de 2020 às 16h52.
O ministro da Economia, Paulo Guedes , deve participar via videoconferência nesta quinta-feira, 30, de reunião da Comissão Mista de Acompanhamento das Medidas Relacionadas ao Coronavírus. O grupo de senadores e deputados foi criado para acompanhar os gastos e as medidas tomadas pelo Executivo no combate à crise gerada pela pandemia.
Até a segunda-feira, 27 de abril, o governo federal havia gasto 56,5 bilhões de reais no combate à covid-19 , o equivalente a pouco mais de 22% dos 252,5 bilhões de reais liberados, conforme página da internet que monitora as despesas da União com o novo coronavírus.
Além de novas aplicações dos recursos, Guedes deve ser questionado pelos números de desemprego que serão conhecidos na manhã desta quinta-feira. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a taxa de desemprego do trimestre terminado em março.
De um mês para o outro, o aumento da taxa de desemprego pode avançar até 1,1 ponto percentual, de acordo com previsão do professor de contabilidade e finanças da Fipecafi, Marcelo Cambria. O índice que havia subido a 11,6% no trimestre terminado em fevereiro – interrompendo dois trimestres seguidos de quedas estatisticamente significativas no desemprego – poderá vir agora em até 12,7%, segundo seus cálculos.
“Há projeções com base nos resultados do auxílio desemprego, o cenário das indústrias paradas, as não renegociações de contrato e outros pontos que já configuraram um aumento substancial de pelo menos 0,8% de um mês para o outro”, diz em nota.
Cambria alerta também para o número de trabalhadores informais, que “deve subir consideravelmente e alcançar a marca de 40 milhões”. Há 38 milhões de trabalhadores informais no Brasil hoje, com o direito a receber 600 reais de auxílio durante três meses. Identificá-los é o maior desafio do governo.
A equipe econômica disse nesta semana que o número de pedidos de seguro-desemprego contabilizados do início de 2020 até o fim da primeira quinzena de abril – cerca de um mês após o início da crise do coronavírus – ainda não mostrou grande variação em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, há pedidos represados que devem totalizar 200.000, segundo previsão oficial. E tudo indica que os números devem piorar muito ainda.