Economia

Poupança das famílias deve impulsionar consumo do ano que vem, diz Itaú

Responsável por cerca de 65% do PIB, o consumo das famílias recuou 12,5% no segundo trimestre de 2020, por conta da pandemia

Consumidores: o Itaú espera uma alta de 3,7% no consumo de 2021, devido a contribuição do crédito à pessoa física (NurPhoto/Corbis/Getty Images)

Consumidores: o Itaú espera uma alta de 3,7% no consumo de 2021, devido a contribuição do crédito à pessoa física (NurPhoto/Corbis/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 12h10.

Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 12h44.

As reservas financeiras que famílias têm feito diante das incertezas relacionadas à pandemia do coronavírus devem ajudar a impulsionar o consumo no ano que vem, prevê o Itaú Unibanco. A instituição espera uma alta de 3,7% no consumo de 2021, devido a contribuição do crédito à pessoa física.

Responsável por cerca de 65% do Produto Interno Bruto brasileiro, o consumo das famílias recuou 12,5% no segundo trimestre de 2020,  numa variação negativa que superou à do PIB, que foi de 9,7% no período.

A expectativa vem apesar da deterioração do mercado de trabalho neste ano e da esperada perda na massa salarial do brasileiro, que deve se acentuar com o fim do auxílio emergencial do governo.

"Junto com a forte deterioração do mercado de trabalho esperada para este ano, a poupança afeta negativamente o consumo. No ano que vem, esse consumo deve diminuir, mas a poupança também, de forma que o impacto líquido desse movimento sobre o consumo deve ser positivo em 2021", diz Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú, em entrevista coletiva a jornalistas nesta quarta-feira, 09. O economista ressalta que a perspectiva considera cenário no qual a vacina contra covid-19 já estiver sendo distribuída.

A poupança tem atingido níveis recordes durante a crise e sua captação líquida já chega a 123,981 bilhões de reais no acumulado do ano. 

Para se ter uma ideia, só em agosto deste ano a captação líquida foi de 11,403 bilhões de reais, maior valor para o mês desde o início da série histórica, em 1995. No mesmo mês do ano passado, esse montante havia sido de 1,316 bilhão de reais. Em todo o ano de 2019, os depósitos superaram os saques em 13,3 bilhões de reais.

O banco considera ainda que o auxílio emergencial será substituído parcialmente pelo Renda Brasil, programa mais amplo de distribuição de renda que deve substituir o Bolsa Família, com pagamentos ao redor de R$ 300. Além disso, o cenário base admite uma melhora gradual no mercado de trabalho a partir do ano que vem.

"Não dá para saber exatamente como as famílias vão se comportar, mas a poupança devem ser importante o suficiente para sustentar o consumo no ano que vem", acrescenta Mesquita. O Itaú projeta um crescimento da economia de 4,5% em 2021, com avanços trimestrais para o PIB na ordem de 0,3% ou 0,4% .

Acompanhe tudo sobre:Auxílio emergencialConsumoCrise econômicaItaúPoupança

Mais de Economia

Qual estado melhor devolve à sociedade os impostos arrecadados? Estudo exclusivo responde

IPCA-15 de novembro sobe 0,62%; inflação acumulada de 12 meses acelera para 4,77%

Governo corta verbas para cultura via Lei Aldir Blanc e reduz bloqueio de despesas no Orçamento 2024

Governo reduz novamente previsão de economia de pente-fino no INSS em 2024