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PORCO SEM COLESTEROL

Há 25 anos, o gaúcho Décio Bruxel instalou-se em Patos de Minas, cidade de 130 mil habitantes na região do Alto Paranaíba, noroeste de Minas Gerais. Engenheiro agrônomo, deixara Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, atraído pelas promessas de crédito farto e terras baratas do Pólo Centro, o programa de desbravamento da nova fronteira agrícola […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h54.

Há 25 anos, o gaúcho Décio Bruxel instalou-se em Patos de Minas, cidade de 130 mil habitantes na região do Alto Paranaíba, noroeste de Minas Gerais. Engenheiro agrônomo, deixara Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, atraído pelas promessas de crédito farto e terras baratas do Pólo Centro, o programa de desbravamento da nova fronteira agrícola nos cerrados tocado então pelo governo federal. Ao longo de todos esses anos, Bruxel conseguiu mais do que seu quinhão de terras. Em suas muitas fazendas espalhadas por Patos de Minas, Presidente Olegário e outros quatro municípios da região, ele produz soja, café, milho, feijão e tomate. Só de milho, são 3 mil hectares, a mesma área reservada à produção de soja. Ali, a produtividade média é superior a 2,7 mil quilos por hectare, contra 2 460 quilos em média dos sojicultores americanos. No ano passado, produziu 20 mil sacas de café para exportação numa área de 750 hectares. Para facilitar sua locomoção pelas fazendas, comprou em 1992 um monomotor Minuano.

Bruxel, 52 anos, é um dos produtores rurais que surfam na onda do momento - a produção de carne para exportação. Ao lado de sua mesa no prédio que abriga a sede das fazendas, há uma coleção de miniaturas de porquinhos dada por amigos ou adquirida em viagens pelo país e lá fora. O mimo tem razão de ser. Anos atrás, fez uma parceria com a Dan Bred, empresa de melhoramento genético de suínos da Dinamarca. Hoje, detém o direito de uso da marca no Brasil. Em Patos de Minas e seus arredores, uma das maiores regiões produtoras de milho do país, concentram-se 70% das empresas de melhoramento genético de suínos do país. Além da Dan Bred, estão ali a belga Seghers e a Agroceres PIC. "Há 30 anos, quando se produzia pouco óleo de soja no Brasil, o suíno era um produtor de gordura", diz. "Hoje, desenvolvemos um porco que produz carne saborosa e com pouco colesterol." Quando enveredou para o ramo de criação de suínos, há 15 anos, Bruxel tinha apenas 260 matrizes. Hoje, são 3,8 mil, que produzem 106 mil animais por ano.

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A idéia de transformar proteína vegetal em proteína animal faz todo o sentido. Parte do milho e da soja que extrai de suas terras é empregada para abastecer as sete granjas que mantém em quatro municípios. "Estamos agregando mais valor ao nosso produto", diz Bruxel, que vende quase toda sua produção para o frigorífico Pif Paf, instalado na vizinha cidade de Patrocínio. Dali, segue em contêineres para o Porto do Rio de Janeiro rumo à Rússia, Filipinas e Hong Kong, entre outros destinos. São freqüentes as visitas de estrangeiros ao prédio que abriga a sede das fazendas, em Patos de Minas - uma construção com piso de granito, jardins caprichados e um imenso salão de festas, com churrasqueira e gramado nos fundos. Pelo edifício passaram recentemente dois grupos de investidores americanos e executivos europeus interessados em conhecer o negócio. "É fácil entender o interesse deles", diz Bruxel. "Temos terras para produzir alimento barato, mão-de-obra especializada e um clima sem grandes mudanças de temperatura." Ele estaria interessado numa eventual parceria com algum grupo internacional? "O capital é sempre bem-vindo", afirma. "Tenho muito a oferecer, mas também muito a aprender."

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