Whatsapp: se você já paga para acessar a internet do celular, deve ser livre para escolher usar seu pacote de dados como julgar mais adequado. (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2015 às 11h20.
Você paga à sua operadora de celular para usar a internet (no 3G ou 4G). Paga pelo uso da rede, não pelos sites que visita ou pelos aplicativos que usa. Agora, imagine que, além de pagar pela utilização, a sua operadora diga que você tem de pagar mais se quiser acessar determinado aplicativo ou site.
Não faz o menor sentido: se você já paga para acessar a internet do celular, deve ser livre para escolher usar seu pacote de dados como julgar mais adequado – desde que não esteja fazendo nada de ilegal.
Mas algumas operadoras de celular querem algo nessa linha. Pressionam o governo pela regulação do WhatsApp nos mesmos moldes em que são reguladas. Afinal, o aplicativo provê serviços de telefonia – defendem as operadoras. No entanto, isso provavelmente fará que um serviço que hoje é quase de graça (você, bom lembrar mais uma vez, já paga por seu pacote de dados) passe a ter preços mais altos.
Sim. Você, consumidor, perde nessa história.
Uma das reclamações das companhias de celular é que o uso do WhatsApp sobrecarrega a rede. Isso é verdade? Sim, mas é uma condição de qualquer coisa que envolva internet móvel: acesso ao Google, contas de e-mail, Facebook e por aí vai.
Então por que o uso do WhatsApp deveria ter atenção específica?
É verdade que o aplicativo consome mais dados que um serviço de e-mail, por exemplo. Mas isso já está, como dizem os economistas, “no preço”. Ora, ao usar bastante o aplicativo, você gasta uma parte maior do seu pacote de dados e sobra menos para outras coisas. Certo? Se é assim, o WhatsApp já é “mais caro” para você quando pensamos no uso de dados.
Na verdade, a mudança tecnológica permite que vários bens e serviços tenham custos reduzidos ao longo do tempo. Ao fazer uma ligação pelo WhatsApp, você não precisa usar a rede de telefonia celular e o preço é bem menor. Isso beneficia enormemente o consumidor, mas ameaça empresas do setor que investiram pesado numa tecnologia que está se tornando obsoleta.
Essas companhias estabelecidas lutarão com unhas e dentes para dificultar a difusão da tecnologia nova. Inclusive tentando influenciar políticos e reguladores. Há exemplos disso em outras atividades econômicas, como no caso “taxistas Vs. Uber”.
No entanto, no caso das companhias de celular, essa luta já começa perdida. Elas podem até fazer com que o WhatsApp seja regulado. Mas a tecnologia de fazer ligações pela internet não irá desaparecer. Se o WhatsApp for mesmo derrotado, no dia seguinte aparecerá outro aplicativo com a mesma funcionalidade.