Caudas de aviões com marcas do grupo Lufthansa, como a Swiss e a ITA (Divulgação)
Repórter de internacional e economia
Publicado em 6 de dezembro de 2025 às 08h01.
Possíveis fusões entre companhias aéreas, especialmente no mercado brasileiro, foram noticiadas diversas vezes nos últimos anos, mas sua concretização costuma ser difícil.
Em um caso emblemático, Azul e Gol anunciaram, em janeiro, que avançariam com um processo de fusão. Houve aproximações, como o compartilhamento de voos, mas, em setembro, veio o anúncio da desistência.
Carsten Spohr, CEO da Lufthansa, diz que as duas principais razões para a dificuldade das fusões no setor são a falta de caixa das empresas e a forte regulação.
Em janeiro, o grupo Lufthansa concluiu a compra de 41% da ITA (ex-Alitalia), após uma longa negociação, e assumiu o controle da empresa.
"Eu precisei de um ano para chegar a um acordo com o governo italiano para comprar a ITA e de três anos para chegar a um acordo com a Comissão Europeia em Bruxelas", disse, em conversa com jornalistas durante uma viagem a São Paulo. "Sim, é uma loucura."
"Existem grandes obstáculos e, para ser honesto, as companhias aéreas geralmente não têm recursos financeiros para comprar outras companhias. Estamos em um negócio muito empolgante, mas com margens muito baixas. Na Lufthansa, temos um lucro de menos de 10%, ou melhor, menos de 10 euros por passageiro. Sim, temos 140 milhões de passageiros este ano e faturamos menos de 1,4 bilhão de euros apenas com o segmento de passageiros", afirmou.
Spohr explicou que a empresa tem outras fontes de receita, como o transporte de carga e serviços de manutenção (MRO), o que aumenta sua rentabilidade.
"A Lufthansa terá um aumento significativo no lucro este ano, mas será inferior a 10 euros por passageiro. Com essa situação financeira, não é fácil comprar outras companhias", afirmou.
O CEO apontou, ainda, que o setor é bastante pulverizado entre muitas empresas. A Lufthansa, por exemplo, é a quarta maior companhia aérea global, mas detém apenas 4% de participação no mercado.
"Somos todos muito pequenos, mesmo sendo os maiores do mundo, porque há muitas companhias aéreas", afirmou.