Economia

Planejamento integrado é chave para mineração sustentável na Amazônia

Falta diálogo entre governos e empresas para desenvolver comunidades no entorno de áreas de exploração mineral. Tema foi discutido no EXAME Fórum Amazônia

Participantes: André Lahóz, diretor editorial de Exame, Raul Porto, gerente-executivo do Ibram, Fábio Abdalla, gerente de sustentabilidade da Alcoa, e João Meirelles, diretor do Instituto Peabiru (Divulgação/Exame)

Participantes: André Lahóz, diretor editorial de Exame, Raul Porto, gerente-executivo do Ibram, Fábio Abdalla, gerente de sustentabilidade da Alcoa, e João Meirelles, diretor do Instituto Peabiru (Divulgação/Exame)

RV

Renata Vieira

Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 20h56.

Última atualização em 8 de dezembro de 2018 às 09h50.

Belém — Ao mesmo tempo em que representa cerca de 55% de todo o território brasileiro, a região amazônica gera menos de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. As oportunidades de negócios e de desenvolvimento econômico na região foram tema do EXAME Fórum Amazônia, realizado em Belém (PA), nesta sexta-feira. 

Os contrastes são evidentes quando se olha de perto a realidade dos estados amazônicos, como é o caso do Pará. O estado, que exportou quase 80% de todo o minério do país no último ano, ainda têm indicadores sociais abaixo da média brasileira.

A falta de visão de longo prazo - e de um planejamento estratégico para destinar a arrecadação oriunda da atividade minerária - mantém um fosso entre disponibilidade de recursos e efetivo desenvolvimento social. Mas algumas empresas e ONGs vêm tentando mudar esse cenário.

A mineradora Alcoa, que há quase dez anos opera uma lavra de bauxita da região de Juruti, no Pará, criou um fundo para o assentamento agroextrativista em que atua. O objetivo é garantir recursos de diferentes fontes para investimentos socioambientais, mesmo depois que a empresa deixar o local.

“Precisamos sair da lógica do boom e do colapso, que é o que acontece quando a mineração chega e quando a mineração deixa uma área, para geração de renda no longo prazo”, afirma Fábio Abdala, gerente de sustentabilidade da mineradora Alcoa.

Falta robustez também do lado das Ongs com orçamento e gente suficientes para auxiliar o setor privado a tocar projetos na região. Em toda a Amazônia, são menos de 50 - apenas quatro no estado do Pará. Uma delas é o Instituto Peabiru, que se dedica a projetos de desenvolvimento local sustentável.

Com base nessa premissa, o instituto criou uma plataforma para unir empresas num esforço colaborativo de conservação da biodiversidade e investimento socioambiental com foco em empreendedorismo comunitário e inovação a partir da floresta. “As empresas têm que tocar mais projetos de longo prazo, não só agendas que durem 6 meses ou 1 ano”,  afirma João Meirelles, diretor executivo do Instituto Peabiru

Raul Porto, gerente executivo do Instituto Brasileiro de mineração, pondera que, só em 2017, o setor faturou 13 bilhões de dólares, e mais de 1 bilhão foram pagos à prefeituras e governos por meio de algumas obrigações legais, como royalties e  taxa mineral. “Não dá para exigir que as mineradoras assumam a função do público”.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaDesenvolvimento econômicoEventoseventos-exameMineraçãoONGsSustentabilidade

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto