PIB deve mostrar que recuperação segue esfriando
Os resultados podem vir abaixo do previsto pela média dos analistas consultados pelo Banco Central
EXAME Hoje
Publicado em 30 de maio de 2018 às 06h49.
Última atualização em 30 de maio de 2018 às 10h05.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deve ampliar o pessimismo econômico nesta quarta-feira quando divulgar o PIB trimestral do país.
O último boletim Focus , com economistas ouvidos pelo Banco Central , previu que o PIB brasileiro crescerá 2,37% em 2018, ante 2,5% da previsão anterior. A previsão de crescimento do PIB vem sendo revisada para baixo desde o dia 23 de março. De lá para cá, a previsão de crescimento da atividade no primeiro trimestre, em relação aos 12 meses anteriores, caiu de 2,2% para 1,49%.
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Mas os relatórios de alguns bancos mostram que os resultados podem vir abaixo do previsto pela média dos analistas consultados pelo Banco Central. Em relatório divulgado na segunda-feira, o banco UBS prevê crescimento de 1,2% no PIB trimestral, quando comparado com o mesmo período de 2017, e de 0,4% em relação ao trimestre anterior. Já o Itaú prevê expansão de 1% em relação a 2017 e de 0,3% sobre os três meses anteriores.
São números que comprovam que a recessão ficou para trás, mas que a economia vem crescendo muito aquém do previsto por uma conjunção de fatores que vão da instabilidade política a um cenário externo mais desafiador. Para o próximo trimestre a conta incluirá ainda as perdas com a greve dos caminhoneiros , que já chegam, segundo estimativa inicial do jornal O Estado de S. Paulo, a 34 bilhões de reais, mas que continuará crescendo.
Para 2019, os economistas seguem prevendo 3% de crescimento, assim como para o período de 2020-21, com expansão prevista de 2,5%. Mas os números explicam-se mais pela dificuldade de analisar qualquer coisa que aconteça depois de virar a próxima esquina do que necessariamente uma convicção de bons presságios para o país. Segundo economistas ouvidos por EXAME, o caos gerado pela greve dos caminhoneiros confirma que os ventos reformistas podem não ser os predominantes nas eleições de outubro, o que nubla qualquer análise econômica de médio prazo.
Em coluna publicada por EXAME há um mês, Celso Toledo, economista da consultoria LCA , afirmou que poderia ser muito otimismo prever que o “país do desperdício e da ineficiência, rachado e exibindo sintomas que remontam à triste cena política da colômbia dos anos 90, escolherá daqui uns meses um candidato moderado e favorável a reformas modernizantes”. De lá pra cá, infelizmente, o país só ficou ainda mais rachado, e a panela de pressão social está ainda mais quente. O PIB, na contra-mão, já está do morno para o frio.