Economia

PIB recua 3,8% em 2015, pior taxa dos últimos 25 anos

Números divulgados pelo IBGE confirmam aprofundamento da recessão


	Montadora de carros
 (Germano Luders/Exame)

Montadora de carros (Germano Luders/Exame)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de março de 2016 às 09h57.

São Paulo - O PIB do Brasil caiu 1,4% no 4º trimestre de 2015 em relação ao trimestre anterior na série com ajuste sazonal, divulgou nesta manhã o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

É a quarta queda trimestral seguida. Com isso, a economia brasileira recuou -3,8% em 2015, próximo do que estava sendo projetado pelo mercado.

O Itaú Unibanco previa queda de 1,8% no trimestre e 3,9% no ano, um pouco acima da estimativa do Boletim Focus (3,71%) e de especialistas ouvidos pela agência Reuters (3,8%).

O tombo anual é o maior já registrado na série histórica do IBGE, que começa em 1996, e é o pior desde 1990, quando recuou 4,3%. No ano passado, o PIB tinha ficado praticamente estagnado (+0,1%).

O PIB per capita fechou 2015 em R$ 28.876, uma queda de 4,6% em relação a 2014, quando já havia recuado 0,8%. Veja na tabela:

Ano Crescimento do PIB Crescimento do PIB per capita
2000 4,4% 2,8%
2001 1,4% 0%
2002 3,1% 1,7%
2003 1,1% 0,2%
2004 5,8% 4,4%
2005 3,2% 2%
2006 4% 2,8%
2007 6,1% 4,9%
2008 5,1% 4%
2009 0,1% -1,2%
2010 7,5% 6,5%
2011 3,9% 2,9%
2012 1,9% 1%
2013 3% 2,1%
2014 0,1% -0,8%
2015 -3,8% -4,6%

Setores

Só a agropecuária subiu: 2,9% no trimestre e 1,8% no ano, puxada pelo aumento da produção de soja (11,9%) e milho (7,3%), mas predicada pela queda de trigo (-13,4%) e café (-5,7%).

Todos os outros setores tiveram queda. A maior foi a do investimento, que recuou 4,9% em relação ao trimestre anterior, a sua sétima queda consecutiva. O resultado anual foi um tombo de 14,1%, que se soma a uma queda de 4,5% no ano anterior.

De 2014 para 2015, houve queda tanto na taxa de investimento (de 20,2% para 18,2%) quanto na taxa de poupança (de 16,2% para 14,4%) do país.

A indústria também teve um tombo importante, com recuo de 7,6% na construção e de 9,7% na indústria de transformação, que inclui eletrônicos, alimentos e carros. A única exceção foi a extração mineral, que subiu 4,9%.

Os Serviços tiveram queda de 2,7% no acumulado anual, puxada por resultados ruins no comércio (-8,9%) e transporte, armazenagem e correio (6,5%), com variações positivas apenas em intermediação financeira e seguros (0,2%) e atividades imobiliárias (0,3%).

Dois itens que ainda resistiam em 2014 cederam em 2015. Um deles foi o consumo das famílias, que passou de uma alta de 1,3% para queda de 4%, resultado de alta da inflação e do desemprego com queda da renda e do crédito.

O consumo do governo, que subiu 1,2% em 2014, caiu 1% em 2015. As exportações subiram 6,1%, puxadas por petróleo, soja, siderurgia e minério de ferro, enquanto as importações caíram 14,3%.

Veja nas tabelas (com exceção das comparações com o trimestre imediatamente anterior, os dados não tem ajuste sazonal)

Período de comparação PIB
4º Tri / 3º tri -1,4%
4º Tri 2015 / 4º Tri 2014 -5,9%
2015 em relação a 2014 -3,8%
Valores correntes no ano (R$) 1.531,6 bilhões

.

Período de comparação Agropec. Indústria Serviços
4º Tri / 3º tri 2,9% -1,4% -1,4%
4º Tri 2015 / 4º Tri 2014 0,6% -8% -4,4%
2015 em relação a 2014 1,8% -6,2% -2,7%
Valores correntes no ano (R$) 49,2 bilhões 295,2 bilhões 969,2 bilhões

.

Período de comparação Investimento Cons. Fam. Cons. Gov.
4º Tri / 3º tri -4,9% -1,3% -2,9%
4º Tri 2015 / 4º Tri 2014 -18,5% -6,8% -2,9%
2015 em relação a 2014 -14,1% -4% -1%
Valores correntes no ano (R$) 256,8 bilhões 976,8 bilhões 342,8 bilhões
Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAgropecuáriaCrise econômicaeconomia-brasileiraEstatísticasGoverno DilmaIBGEIndicadores econômicosPIBPIB do BrasilRecessão

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação