Economia

PIB brasileiro não surpreende e cresce 2,3% em 2005

Economia cresceu puxada pela indústria, que teve expansão de 2,5%. Agropecuária mostrou pior resultado desde 1997

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não surpreendeu e cresceu apenas 2,3% em 2005, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (24/2). A taxa ficou bem abaixo da registrada em 2004, quando a economia avançou 4,9%.

Quem acertou as apostas foi o mercado, que fechou suas previsões exatamente em 2,3% no Boletim Focus divulgado pelo Banco Central em 20 de janeiro, o último que apurou as opiniões de crescimento da economia para 2005.

No entanto, a taxa ficou abaixo da estimada pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), de 2,5%. O órgão previa crescimento de 4,3% para a região da América Latina e do Caribe, destacando Venezuela (com crescimento esperado de 9%), Uruguai (6%), Chile (6%), Peru (6%) e Panamá (6%) como os líderes. Para a Argentina, que já anunciou avanço de 9,1% da economia, a Cepal havia previsto PIB 8,6% maior em 2005.

Indústria na liderança

O setor que mais contribuiu para o crescimento do PIB em 2005 foi a indústria, com expansão de 2,5%. Em segundo lugar vieram os serviços, com alta de 2%. A decepção ficou por conta da agropecuária, que teve o pior resultado desde 1997, com crescimento de 0,8%.

Em outubro, novembro e dezembro, o PIB avançou 0,8% em relação ao trimestre anterior. A indústria subiu 1,4% e também puxou o desempenho no período. Agropecuária e serviços cresceram, respectivamente, 0,8% e 0,7%. Na comparação com o último trimestre de 2004, o PIB entre os meses de outubro e dezembro foi 1,4% maior.

Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, se disse decepcionado com o resultado do terceiro trimestre, já que esperava crescimento de 1,3% na comparação com os três meses anteriores. "Depois de ter caído bastante, a indústria se fortaleceu. O destaque negativo foi a agropecuária, que não recuperou o que a gente estava esperando. Nossa projeção era um pouco mais otimista", afirma.

Para Miguel Daoud, consultor da Global Financial Adviser, a agropecuária foi derrubada, principalmente, pela queda do dólar: "O produtor rural está enfrentando um problema muito sério de câmbio. A safra 2004-2005 foi plantada com insumos com o dólar a 3,20 reais, e negociada a 2,60 reais. Na safra 05-06 ele comprou com o dólar a 2,50 [reais], e vai vender a 2,10. Isso desencadeou uma série de dificuldades de pagamentos e financiamentos agrícolas."

Consumo maior

Maia, da Tendências, acredita que o resultado do último trimestre mostrou menos força do que o esperado, mas apontou um dado que pode sinalizar reaquecimento em 2006: o aumento do consumo das famílias, 3,4% maior no último trimestre do ano em relação ao mesmo trimestre de 2004. "Há três trimestres o consumo vem crescendo. A demanda está muito aquecida", diz.

Daoud lembra que o que fez os brasileiros comprarem mais foi a expansão do crédito, que chegou a 31,3% do PIB em 2005. "Sem o crédito o PIB poderia até ter sido negativo", afirma. Já o IBGE apontou ainda como decisiva no consumo a elevação de 5,3% da massa salarial dos trabalhadores.

Amarras

O baixo crescimento, na opinião de Maia, pode ser explicado, basicamente, por três fatores: o aumento dos juros, a queda de confiança do consumidor e a falta de condições de financiamento.

"Em 2005 a gente teve um aperto monetário por causa da inflação, que estava acima de 7%. Os juros aumentaram e naturalmente o crescimento tinha de desacelerar. Teve um adicional que foi a crise de confiança do consumidor na economia, decorrente da crise política, que derrubou as vendas. A indústria segurou a produção, e isso foi o choque que causou mais uma queda do PIB", diz.

Daoud, da Global Financial, também ressalta os juros altos como freio ao crescimento, mas vê crescimento maior em 2006 com as recentes reduções do Banco Central na taxa Selic, a taxa básica de juros. "Imagino que o Brasil vá crescer em torno de 4% neste ano", diz.

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