Economia

PIB do Brasil fecha 2022 com alta de 2,9%; 4º tri tem queda de 0,2%

Serviços e consumo das famílias tiveram maior impacto no crescimento da economia brasileira no ano. PIB do agro teve queda puxado por efeitos da soja

PIB 2022: economia no ano foi puxada sobretudo pelo setor de serviços, enquanto agropecuária teve queda (Cris Faga/Getty Images)

PIB 2022: economia no ano foi puxada sobretudo pelo setor de serviços, enquanto agropecuária teve queda (Cris Faga/Getty Images)

Carolina Riveira
Carolina Riveira

Repórter de Economia e Mundo

Publicado em 2 de março de 2023 às 09h06.

Última atualização em 2 de março de 2023 às 17h28.

A economia brasileira cresceu 2,9% no acumulado de 2022, totalizando R$ 9,9 trilhões, segundo o resultado do produto interno bruto (PIB) divulgado nesta quinta-feira, 2, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

  • No quarto trimestre, em relação ao trimestre anterior, o PIB variou -0,2%;
  • Em relação ao mesmo trimestre de 2021, o crescimento foi de 1,9%.

A variação trimestral veio levemente abaixo do consenso do mercado.

Por áreas de produção, no último trimestre do ano, houve alta de 0,3% no setor agropecuário, queda de 0,3% na indústria e alta de 0,2% em serviços (desacelerando em relação aos 0,9% no trimestre anterior). Na demanda, o destaque negativo veio da formação bruta de capital fixo (investimentos), com queda de -1,1% no quarto trimestre, enquanto houve alta de 0,3% no consumo das famílias e governo.

Em nota posterior à divulgação, a Secretaria de Planejamento Econômico do Ministério da Fazenda aponta que há "evidente desaceleração do ritmo de atividade em relação a 2021."

PIB de 2022 é puxado por serviços

No acumulado do ano, a alta agregada vem puxada pelo destaque do setor de serviços e consumo das famílias, em meio à retomada da atividade econômica após o auge da pandemia da covid-19, que levaram a crescimento maior nos primeiros trimestres (veja no gráfico abaixo).

Na divisão pelos três grupos de produção, as maiores altas no PIB em 2022 foram de serviços e indústria, ao passo em que houve queda no agro. Serviços e indústria, juntos, representam 90% do PIB brasileiro.

  • Serviços tiveram alta de 4,2% no PIB em 2022;
  • Indústria teve alta de 1,6%;
  • Agropecuária teve queda de 1,7%.

Na mesma linha do crescimento dos serviços, o consumo das famílias liderou a demanda brasileira, à frente de investimentos (formação bruta de capital fixo) e consumo do governo.

  • Consumo das famílias teve alta de 4,3%;
  • Formação bruta de capital fixo teve alta de 0,9%;
  • Consumo do governo teve alta de 1,5%.

Na balança comercial, as exportações de bens e serviços cresceram 5,5% e as importações subiram 0,8%.

“Se pela ótica da oferta quem puxou foi o setor de Serviços, na ótica da demanda foi o Consumo das Famílias", disse em nota Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. A diretora apontou ainda que a demanda interna liderou o crescimento da economia brasileira em 2022, apesar da alta nas exportações.

"É importante dividir a demanda interna do setor externo, pois dos 2,9% do crescimento, 2 p.p. foram da demanda interna principalmente do consumo das famílias, e 0,9 p.p. da demanda externa, que também subiu, já que as nossas exportações cresceram mais do que as importações", disse.

A liderança do setor de serviços dentre os três grupos da economia foi observada ao longo de todo o ano de 2022. O IBGE aponta que houve uma "continuação da retomada da demanda pelos serviços após a pandemia da covid-19", o que levou a crescimento em serviços profissionais e frentes como turismo.

“Desses 2,9% de crescimento em 2022, os Serviços foram responsáveis por 2,4 pontos percentuais. Além de ser o setor de maior peso, foi o que mais cresceu, o que demonstra como foi alta a sua contribuição na economia no ano”, afirmou Palis, do IBGE.

Indústria enfrenta menor demanda da China e custos maiores

Na indústria, um destaque foi a atividade Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (crescimento de 10,1%).

Uma das explicações, segundo o IBGE, foi a recuperação em relação à crise hídrica de 2021, o que levou a tarifas melhores em 2022. Outro destaque foi a alta na construção (6,9%).

"Além do crescimento da economia, houve o desligamento das térmicas, diminuindo os custos de produção, o que contribui para o aumento do valor adicionado da atividade. Ademais, a atividade de Construção, com alta de 6,9%, corroborada pelo aumento na sua ocupação, foi influenciada pelo ano eleitoral, que sempre apresenta uma maior quantidade de obras públicas”, disse Palis.

  • Já as Indústrias de Transformação tiveram queda de 0,3%, impactadas pela alta nos juros e custo de matéria-prima;
  • As Indústrias Extrativas caíram 1,7% com impacto negativo da redução da demanda por minério de ferro diante dos lockdowns prolongados na China.

Soja tem impacto negativo no PIB do agro

A queda de 1,7% no grupo da Agropecuária no ano veio puxada pela soja, ofuscando a alta de outras culturas, diz o IBGE.

“A soja, principal produto da lavoura brasileira, com estimativa de queda de produção de 11,4%, foi quem mais puxou o resultado da Agropecuária para baixo no ano, sendo impactada por efeitos climáticos adversos”, disse Palis.

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE) já vinha apontando os impactos adversos de algumas culturas no desempenho do ano. A queda na produtividade da soja se sobrepôs "ao bom desempenho de outras culturas", segundo nota do IBGE, casos de milho (25,5%), café (6,8%) e cana de açúcar (2,7%).

Acompanhe tudo sobre:Agropecuáriaeconomia-brasileiraIBGEIndústriaPIB do BrasilServiços

Mais de Economia

Porto de Xangai bate recorde com 50 milhões de TEUs movimentados em 2024

Indústria de alta tecnologia amplia sua produção pela primeira vez desde 2018

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar