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PGR pede investigação sobre Demóstenes no STF

Se o STF aceitar o pedido de investigação, ganha força a possibilidade de abertura de um processo político de investigação no Conselho de Ética do Senado contra Torres

Nos últimos dias, o DEM e Torres vinham conversando com outros senadores para evitar a abertura de um processo no Conselho de Ética (Antonio Cruz/ABr)
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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2012 às 22h16.

Brasília - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal um pedido de abertura de inquérito para investigar suspeitas de participação de parlamentares num esquema de exploração de jogos ilegais, entre eles o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que deixou o comando da bancada do seu partido no Senado.

O pedido de investigação havia sido revelado por Gurgel mais cedo em reunião com parlamentares da Câmara e do Senado. Na conversa com esses deputados e senadores, o procurador não revelou o nome dos demais investigados no âmbito da Operação Monte Carlo, mas disse que havia mais congressistas envolvidos.

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Se o STF aceitar o pedido de investigação, ganha força a possibilidade de abertura de um processo político de investigação no Conselho de Ética do Senado contra Torres.

Nos últimos dias, o DEM e Torres vinham conversando com outros senadores para evitar a abertura de um processo no Conselho de Ética para analisar se há quebra de decoro parlamentar, o que poderia inclusive resultar na cassação do mandato do senador.

Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), porém, o pedido formal de Gurgel ao Supremo "torna inevitável" a abertura de um processo político para analisar a possível quebra de decoro parlamentar de Torres.


Até agora, Torres é o único parlamentar que publicamente teve seu nome ligado à Operação Monte Carlo, que começou em 2008 e investigou a quadrilha que explorava jogos ilegalmente. Segundo informações publicadas pela mídia, o senador teria estreita relação com Carlos Augusto Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de ser o chefe da quadrilha.

Afastamento

Mesmo antes do iminente pedido de abertura de inquérito, Torres renunciou nesta terça ao cargo de líder da bancada do DEM no Senado. Na curta carta de renúncia, o parlamentar disse que queria "acompanhar a evolução dos fatos noticiados nos últimos dias" e, por isso, pedia o "afastamento da liderança".

Ele também escreveu uma carta ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pedindo para fazer um discurso com o objetivo de se defender dos ataques à "honra", assim que tiver acesso ao processo. Torres disse ainda que "exige meticulosa investigação" sobre seu envolvimento, mas no foro "constitucionalmente adequado", o Supremo.

"A situação do senador Demóstenes, por conta das dúvidas, é incômoda", disse o presidente do DEM, José Agripino (RN), a jornalistas mais cedo, antes da renúncia do líder e do pedido formal de abertura de investigação no STF. Com o afastamento de Demóstenes Torres da liderança do DEM no Senado, Agripino assume o cargo.

Denúncias

Segundo as denúncias veiculadas pela mídia até agora com base nas interceptações feitas pela Polícia Federal, Torres teria pedido para Cachoeira pagar uma despesa dele com táxi-aéreo de 3 mil reais. E em outra gravação, o parlamentar do DEM teria revelado detalhes de reuniões reservadas que teve com autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Cachoeira está preso desde fevereiro.

O inquérito da Operação Monte Carlo chegou ao procurador-geral, Roberto Gurgel, em 2009 por ter envolvimento de pessoas com foro privilegiado, entre eles Torres.

Demóstenes Torres foi procurador da Justiça antes de se eleger para o Senado e é um dos parlamentares mais combativos da oposição. Em seu site oficial, logo ao lado do seu nome, há um selo com os dizeres "CPI da Corrupção, eu assinei".

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