Economia

Petróleo e dólar ampliam defasagem da gasolina da Petrobras

Diferença entre a cotação da gasolina vendida no Brasil pela Petrobras e a comercializada no exterior passou de 17,9% em 2 de julho para 25,3% em 9 de julho

Preços dos combustíveis no mercado norte-americano flutuam de acordo com as cotações do petróleo, o que não acontece no Brasil, uma vez que são controlados pelo governo (Bloomberg)

Preços dos combustíveis no mercado norte-americano flutuam de acordo com as cotações do petróleo, o que não acontece no Brasil, uma vez que são controlados pelo governo (Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2013 às 14h07.

São Paulo - Os preços mais altos dos combustíveis no mercado internacional e o fortalecimento recente do dólar frente ao real aumentaram a defasagem da Petrobras na comercialização de combustível para o maior nível em quase um ano, de acordo com cálculos de um órgão especializado.

A diferença entre a cotação da gasolina vendida no Brasil pela Petrobras e a comercializada no exterior passou de 17,9 por cento em 2 de julho para 25,3 por cento em 9 de julho, maior patamar desde 28 de agosto de 2012, quando o índice era de 32 por cento, segundo levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).

Já a diferença da cotação do óleo diesel passou de 18,9 por cento em 2 de julho para 21,7 por cento no dia 9, de acordo com o Cbie, que calcula periodicamente as diferenças entre os preços praticados no mercado doméstico e no internacional levando em consideração os valores nas refinarias do Golfo do México, utilizados como referência, e a taxa de câmbio.

"Considerando a atualização mais recente dos dados, tanto para o diesel quanto para a gasolina, os reajustes de preços concedidos pela Petrobras foram anulados, dada a ampliação da defasagem, que está influenciada pela desvalorização do real e, também, pela elevação dos preços dos combustíveis no Golfo do México", afirmou o Cbie à Reuters.

Os preços dos combustíveis no mercado norte-americano flutuam de acordo com as cotações do petróleo, o que não acontece no Brasil, uma vez que são controlados pelo governo, acionista majoritário da Petrobras.

Na semana passada, o preço do petróleo nos EUA atingiu uma máxima de 15 meses, 107,45 dólares o barril, após superar no início do mês a barreira de 100 dólares o barril, por preocupações com reflexos da crise no Egito para o suprimento no Oriente Médio e com a queda nos estoques norte-americanos.

Nesta terça-feira, o petróleo Brent atingiu uma máxima de três meses, para perto de 110 dólares o barril, enquanto a commodity nos EUA operava perto de 106 dólares o barril.

Já o dólar operava em alta, a 2,24 reais, após atingir na semana passada o maior nível durante o pregão em mais de quatro anos, a 2,2809 reais.


O Cbie já havia notado em junho que o câmbio neutralizara os reajustes de combustíveis da Petrobras deste ano.

Logo após o último reajuste nas refinarias, no começo de março, a diferença entre o valor da gasolina e do diesel --entre o Brasil e os EUA-- era de 16,5 e 14 por cento, respectivamente, segundo o centro de análises.

O diesel foi reajustado duas vezes este ano pela Petrobras --com altas de 6,6 por cento em janeiro e 5 por cento em março--, enquanto a gasolina teve uma alta de 5,4 por cento janeiro.

Perdas para Petrobras

A defasagem entre os preços internacionais e os domésticos é uma das causas das dificuldades financeiras da Petrobras, que também vende combustíveis a valores mais baixos do que os de compra no mercado externo. A estatal tem feito importações volumosas para acompanhar o crescimento do mercado interno, mesmo com suas refinarias operando a pleno vapor.

Em relatório na segunda-feira, o HSBC --que reduziu o preço-alvo da ação da Petrobras para 17 reais, contra 20 reais anteriormente-- observou que a estatal atualmente vende gasolina e diesel importados com descontos de 22 por cento e 18 por cento, respectivamente.

"Acreditamos que isso provavelmente irá resultar em uma perda nos negócios de refino da companhia de 15,6 bilhões de reais em 2013", afirmou o banco, ressaltando que desde 2011 a companhia já perdeu 42 bilhões de reais com a política de não ajustar os preços de acordo com a volatilidade internacional.

O banco comentou também que, devido à atual taxa de inflação e aos protestos recentes no Brasil, a chance de ocorrer um aumento de preço dos combustíveis antes da eleição em outubro de 2014 foi reduzida de forma significativa.

Procurada, a Petrobras informou que não comentaria o assunto.

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