Posto de combustível: preço da gasolina cortado em R$ 0,20 pela Petrobras com momento favorável no mercado internacional (Buda Mendes/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 19 de julho de 2022 às 12h51.
Última atualização em 21 de julho de 2022 às 17h06.
A Petrobras anunciou que vai reduzir o preço da gasolina em suas refinarias a partir de quarta-feira, 20. O litro de gasolina terá uma redução de R$ 0,20, o equivalente a 4,93%.
O preço da gasolina nas refinarias passará de R$ 4,06 para R$ 3,86 por litro (o valor final ao consumidor nos postos é maior do que isso, porque inclui ainda tributos e margens no restante da cadeia).
O anúncio foi feito nesta terça-feira, 19, a primeira redução no preço da gasolina via Petrobras desde 15 de dezembro.
Os demais combustíveis, como diesel, GLP (usado no gás de botijão) e gás natural, seguem com os preços atuais.
A redução acontece em meio à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, com os temores de uma recessão global derrubando o preço da commodity.
A Petrobras afirmou em nota que "acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina".
A estatal disse ainda que "busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".
No mês passado, em movimento contrário, a Petrobras havia aumentado o preço da gasolina perto dos mesmos 5% em 18 de junho, quando o petróleo estava em alta no mercado internacional.
O barril do tipo Brent, usado como referência pela estatal brasileira, teve sua primeira queda mensal em junho desde o começo da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
O Brent chegou a ficar abaixo do patamar de US$ 100 na semana passada, mas voltou a se recuperar e era cotado perto de US$ 106 no começo da tarde desta terça-feira.
A Petrobras vinha sendo pressionada a reduzir o preço diante da queda internacional do petróleo, mas um desafio segue sendo o dólar, que subiu nas últimas semanas e segue muito volátil, também impactando os preços dos combustíveis.
Apesar da baixa anunciada para a gasolina, o tema de novas reduções na Petrobras seguirá na mesa no que diz respeito ao diesel, cujo preço está mantido, por ora.
VEJA TAMBÉM: Pressão para reduzir preço esbarra em turbulência no mercado internacional
Antes da redução da Petrobras, na abertura de mercado desta terça-feira, a cotação média da gasolina vendida no Brasil (majoritariamente pela Petrobras) superava em 8% (R$ 0,30 por litro) o preço internacional, segundo levantamento diário da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
O diesel no Brasil também abriu 5% (R$ 0,28 por litro) acima do preço internacional nesta terça-feira.
A redução no preço da gasolina diz respeito somente ao combustível nas refinarias da Petrobras, que respondem por cerca de 80% da gasolina vendida no Brasil. O restante é vendido por importadores ou refinarias privatizadas, já a preços de mercado.
Para além dos R$ 0,20 cortados pela Petrobras, o preço final ao consumidor na bomba depende ainda de tributos, preço do etanol anidro (misturado à gasolina obrigatoriamente) e margens de lucro ao longo da cadeia de distribuição e revenda.
Nessa frente, o combustível vendido ao consumidor também vem tendo queda nas últimas semanas diante da redução nas alíquotas de ICMS, além de tributos federais zerados para gasolina (e para o diesel anteriormente).
Com as mudanças, o preço médio da gasolina no Brasil fechou a semana encerrada em 16 de julho (sábado) em R$ 6,07, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP) em mais de 5 mil postos.
Em quatro semanas, a queda foi de 18%. O preço médio da gasolina há um mês, na semana até 19 de junho, era de R$ 7,39/litro.
O corte no ICMS e tributos federais zerados para a gasolina vieram após um projeto de lei sobre o tema ser aprovado no Congresso em junho, estabelecendo o teto da alíquota do ICMS em 17% - na prática, uma redução frente aos mais de 25% na maioria dos estados anteriormente.
Desde então, estados anunciaram redução de suas alíquotas, embora um imbróglio judicial sobre o assunto continue na Justiça.
VEJA TAMBÉM: Estados e municípios falam em perda de até R$ 115 bilhões com cortes no ICMS
A medida, embora sirva para reduzir o preço dos combustíveis, foi criticada pelo alto custo fiscal aos estados e uso de recursos hoje usados em serviços públicos como educação e saúde. A perda calculada na época da votação do projeto foi de R$ 115 bilhões para estados e municípios somente neste ano.
Na outra ponta, defensores do corte e o governo federal argumentam que a medida servirá para reduzir a inflação generalizada e que estados e municípios têm caixa para bancar a redução. A expectativa é que julho tenha "deflação" com os cortes nos combustíveis. A inflação brasileira no IPCA, principal índice inflacionário, fechou junho perto de 12%, um dos maiores patamares desde o início do Plano Real, mas a expectativa no mercado é que termine o ano abaixo de 8%.