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Petrobras não deve ser obrigada a abastecer navios iranianos, diz Dodge

Navios que sofreram sanções dos EUA pelo programa nuclear iraniano buscam exportar milho para o Irã após terem trazido ureia para o Brasil

Petrobras se recusa a abastecer navios iranianos temendo sanções dos EUA. (AFP/AFP)
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Reuters

Publicado em 20 de julho de 2019 às 14h35.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, opinou pela suspensão da decisão liminar que obrigaria a Petrobras a fornecer combustível a duas embarcações iranianas no porto de Paranaguá, no Paraná, conforme manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), instância na qual o caso deve ser decidido.

Para a PGR, a Eleva, responsável pela carga dos navios, "não provou ter direito subjetivo de comprar o combustível da Petrobras", destacando a existência de alternativas para adquirir o produto de outros fornecedores.

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"Além disso, existe uma questão de ordem pública envolvida na ação e que foi demonstrada pela União por meio do Itamaraty, que são as relações diplomáticas estabelecidas pelo Brasil e que poderiam ser afetadas pela medida pretendida na esfera judicial", acrescentou a PGR, em nota.

Os navios, que sofreram sanções dos EUA pelo programa nuclear iraniano, buscam exportar milho para o Irã após terem trazido ureia para o Brasil. A Petrobras recusou-se a vender combustível às embarcações devido ao embargo.

A Eleva teve o pedido de abastecimento negado em primeira instância, mas recorreu e conseguiu uma ordem para que o abastecimento fosse feito em 72 horas sob pena de multa. A União recorreu e o caso foi levado ao STF.

Em nota, a Eleva afirmou que "estranhou" o parecer da PGR, alegando ser de notório conhecimento a impossibilidade de sanções possíveis ao comércio de alimentos e remédios, reiterando que a carga dos navios era "exclusivamente de milho".

"A demora num desfecho para o caso gera o risco de uma grave crise ambiental no Porto de Paranaguá pelo fato de a carga conter níveis elevados de conservantes para manter sua integridade durante a viagem", disse a Eleva.

"Há também a iminência de uma crise humanitária, já que há 50 tripulantes a bordo confinados há um mês e meio no local sem poder desembarcar. Tudo isso sem falar que a falta de combustível deixará os navios à deriva, sujeitos à força de vento e mar, podendo causar danos à navegação, aos tripulantes, a outras embarcações e, no extremo, levar ao fechamento do Porto de Paranaguá", completou.

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