BREXIT: a data limite para o divórcio com a UE é dia 31 de janeiro de 2020. / REUTERS/Toby Melville/File Photo (Toby Melville/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de dezembro de 2020 às 14h44.
Última atualização em 12 de dezembro de 2020 às 14h45.
Frutas, peixes, farinhas, óleos vegetais, mel, bebidas alcoólicas e couro estão na lista de 50 produtos com alto potencial para ampliação de vendas para o mercado britânico com a formalização da saída do Reino Unido da União Europeia. O estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, será divulgado oficialmente aos exportadores na semana que vem.
O levantamento tem como ponto de partida o anúncio feito em maio pelo governo britânico de que a partir de 2021 entrarão em vigor mudanças no regime tarifário de importações. Entre elas, estão reduções de tributos - alguns, inclusive, a zero -- e simplificações sobre 563 produtos do agronegócio, quase metade de todo o comércio do setor do Reino Unido com o restante do mundo.
No caso das vendas brasileiras para o país, 37% da pauta será beneficiada de alguma forma, tendo como base o comércio de 2019, e 15% dela foi classificada como os produtos com maiores oportunidades depois do Brexit, como é chamada a saída do país da UE.
De acordo com a confederação, o montante que será beneficiado de alguma forma equivale a US$ 533 milhões das vendas brasileiras para o país no ano passado. Já os produtos listados como os que têm maior potencial para o comércio futuro entre os países representaram US$ 79,3 milhões das transações de 2019.
A CNA ressaltou, porém, que as alterações tarifárias são válidas para todos os países, e não apenas para o Brasil, e que, portanto, é preciso que o exportador se apresse para conseguir espaço no mercado. "É complicado fazer uma estimativa de quanto as exportações vão aumentar porque a liberalização das tarifas não é apenas para o Brasil. Isso vai depender de como os agentes daqui e de outras partes do mundo vão se posicionar", explicou o economista e assessor de relações internacionais da CNA, Pedro Rodrigues.
As frutas foram apontadas pela equipe que confeccionou o estudo como a maior aposta de ampliação do comércio. "As frutas, principalmente as tropicais, são o maior destaque da pauta futura", previu a superintendente de relações internacionais da CNA, Lígia Dutra. Ela lembrou que a Europa continental é responsável por mais de 60% das vendas brasileiras para o exterior e que o Reino Unido praticamente não tem produção doméstica.
O trabalho revela que as compras de limão, por exemplo, passarão a contar com redução tarifária de quase 14 pontos porcentuais em relação às taxas adotadas pelo bloco. A de uvas e maçãs, que são itens bastante produzidos no velho continente, também foi diminuída. No caso de vinhos e cacau em pó, o ingresso no mercado britânico passará a ser feito com imposto menor.
Um dos segmentos mais beneficiados, segundo o estudo, é o de óleos essenciais, que tiveram tarifas zeradas em todos os produtos. A entidade ressaltou que o Brasil é um importante fornecedor de óleos essenciais de laranja ao Reino Unido, tendo ocupado um terço das importações no ano passado. O item surpreendeu os porta-vozes da entidade, que explicaram que o produto é usado na indústria alimentícia, de limpeza, de cosméticos e que o óleo essencial de tangerina também é usado para curtir couro.
Em 2019, os cinco principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro vendido para o país foram responsáveis por 62% das exportações: carne de frango (14,9%), madeira (14,5%), frutas - exceto nozes e castanhas (12,5%), celulose (11,5%) e soja em grãos (9,1%).
As importações britânicas de produtos agrícolas somaram US$ 106 bilhões no ano passado e os países da UE foram os principais fornecedores, com uma fatia de 64%, de acordo com um estudo. O Brasil ficou na 16ª colocação, com vendas totais de US$ 1,4 bilhão ou fatia de 1,3%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.