Pandemia pode colocar 12 milhões em extrema pobreza na Índia
Pelo menos 49 milhões de pessoas no mundo devem entrar para o grupo dos que vivem com menos de US$ 1,90 por dia em função do novo coronavírus
Ligia Tuon
Publicado em 28 de maio de 2020 às 20h31.
Última atualização em 29 de maio de 2020 às 17h10.
Abdul Kareem teve de parar de estudar e fazer bicos como consertar bicicletas, antes de finalmente conseguir tirar a família da pobreza extrema, transportando mercadorias pela capital indiana em uma caminhonete.
O trabalho e a pequena segurança financeira conseguida foram o primeiro passo para uma vida melhor.
Agora, tudo veio por água abaixo diante do impacto econômico do coronavírus na Índia . Kareem está desempregado e confinado em sua vila no estado de Uttar Pradesh, no norte do país, com a esposa e dois filhos. As poucas economias da renda de 9 mil rupias (US$ 119) por mês se esgotaram, e o dinheiro que economizou para livros e uniformes escolares teve de ser gasto.
“Não sei qual será a situação do mercado de trabalho em Déli quando voltarmos”, disse Kareem. “Não podemos passar fome, então farei o que encontrar.”
Pelo menos 49 milhões de pessoas no mundo todo devem entrar para o grupo de “pobreza extrema” - os que vivem com menos de US$ 1,90 por dia - como resultado direto da destruição econômica causa pela pandemia, e a Índia lidera essa projeção. O Banco Mundial estima que 12 milhões de indianos devem fazer parte desse grupo neste ano.
“Muitos dos esforços do governo indiano para mitigar a pobreza ao longo dos anos podem ser eliminados em questão de poucos meses”, disse Ashwajit Singh, diretor-gerente da IPE Global, consultoria do setor de desenvolvimento que assessora várias agências de ajuda multinacionais. Observando que não esperava que as taxas de desemprego melhorassem este ano, Singh disse: “Mais pessoas podem morrer de fome do que devido ao vírus”.