Economia

Pandemia moderou ritmo da recuperação econômica nos últimos meses, diz Fed em ata

Os participantes da reunião concordaram que o cenário para a economia americana depende significativamente da trajetória da pandemia

Fed: segundo a ata, o comitê segue monitorando o panorama da crise, e pode alterar suas políticas em caso de riscos para as metas (Leah Millis/Reuters)

Fed: segundo a ata, o comitê segue monitorando o panorama da crise, e pode alterar suas políticas em caso de riscos para as metas (Leah Millis/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de fevereiro de 2021 às 17h57.

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) afirmaram que o ritmo da recuperação da atividade econômica e do mercado de trabalho moderou em meses recentes, com fraquezas concentradas nos setores mais afetados pela ressurgência da pandemia do novo coronavírus nos Estados Unidos, como o de viagens e hospitalidade, segundo informa a ata da mais recente reunião de política monetária do Fed.

Os participantes da reunião concordaram que o cenário para a economia americana depende significativamente da trajetória da pandemia, incluindo o progresso dos programas de vacinação.

"A crise de saúde pública em curso continua a pesar sobre a atividade econômica, o emprego e a inflação e representa riscos consideráveis para as perspectivas econômicas", diz a ata.

Os dirigentes do Fed notaram ainda que uma demanda mais fraca e declínios anteriores nos preços do petróleo "seguram" a inflação ao consumidor nos EUA.

Eles projetam, porém, que uma nova rodada de estímulos fiscais e a diminuição do distanciamento social com a vacinação em massa contra a covid-19 devem fazer com que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real do país em 2021 fique acima da taxa potencial, "conduzindo a uma redução considerável da taxa de desemprego", segundo informa a ata da mais recente reunião de política monetária do Fed.

Com a esperada redução no desemprego e a retomada das atividades os dirigentes afirmaram que a inflação nos EUA deve atingir a meta do Fed, de pouco mais de 2% no médio prazo, e ultrapassar moderadamente este nível nos anos seguintes a 2023.

Política acomodatícia e compra de ativos continuarão

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) avaliam que a pandemia continua a causar problemas "tremendos" para a economia dos Estados Unidos e ao redor do mundo, e que políticas acomodatícias são relevantes para seguir levando renda para famílias e negócios. As visões estão na ata sobre a última reunião de política monetária do Fed publicada nesta quarta-feira, 17.

Para os dirigentes, a manutenção da política acomodatícia é "essencial" para fomentar retomada e inflação na meta, e ela deve prosseguir enquanto os objetivos de preços ao consumidor e de trabalho não forem atingidos.

Os dirigentes decidiram manter a compra de ativos em US$ 120 bilhões ao mês até que seja verificado um "progresso" para alcançar as metas da autoridade monetária.

Segundo a ata, o comitê do Fed segue monitorando o panorama da crise, e pode alterar suas políticas em caso de riscos para as metas.

Os elementos observados envolvem: "saúde pública, condições do mercado de trabalho, pressão e expectativa inflacionária e condições financeiras nacionais e internacionais", diz o documento.

Metas para inflação e emprego demorarão para serem atingidas

Apesar de projetarem um impulso na atividade econômica dos Estados Unidos por meio da vacinação contra a covid-19 e de mais estímulos fiscais, os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pontuaram que os atuais níveis da atividade e do emprego estão bem abaixo do necessário para a entidade atingir seu objetivo de máximo emprego, segundo informa a ata da mais recente reunião de política monetária do órgão, divulgada nesta quarta-feira, 17.

Com isso, os dirigentes concordaram que o ritmo atual de compra de ativos deverá ser mantido ao menos no atual nível até que "progressos substanciais em direção às metas de emprego e inflação sejam alcançados", o que deve demorar "algum tempo" para ocorrer, consideraram.

Os dirigentes também notaram que a inflação em dezembro de 2020 estava bem abaixo do objetivo de longo prazo de 2% do Comitê de Política Monetária do Fed.

Alguns deles apontaram, porém, para a possibilidade de que os preços de produtos cuja produção sofreu com gargalos na cadeia de suprimentos aumentem, enquanto outros anteciparam que um possível retorno abrupto aos níveis normais de atividade poderia resultar em aumentos pontuais em certos preços.

Segundo a ata, muitos dirigentes ressaltaram a importância de diferenciar mudanças pontuais nos preços e mudanças na tendência da inflação, observando que as mudanças nos preços relativos poderiam aumentar temporariamente a inflação medida, "mas dificilmente teriam um efeito duradouro".

Em geral, os dirigentes concordaram que a inflação deve se mover à meta de 2% do Fed ao longo do tempo, com suporte de políticas fiscais e monetárias acomodatícias, consideradas "essenciais" para fomentar a retomada econômica nos EUA, de acordo com a ata.

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