O país que vai prevalecer
Escondido pela nuvem de calamidades da vida pública, há um Brasil vivo. Este, se no ano de 2019 não for exatamente a quinta economia do mundo, com certeza não será a 20ª
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2010 às 11h20.
O desastre econômico mundial, que em outras ocasiões deixaria o Brasil na lona durante anos, não durou mais do que seis meses por aqui -- em seus piores efeitos, só se manifestou no último trimestre de 2008 e no primeiro de 2009. O presente dinamismo da economia não aparece apenas no setor privado. A Petrobras faturou 92 bilhões de dólares no ano passado, firmando seu lugar entre as grandes empresas do mundo, e lucrou 15 bilhões. Sua principal subsidiária, a BR Distribuidora, foi a melhor empresa do país na área do comércio por atacado. Juntas, pagaram acima de 25 bilhões de dólares em impostos. A Receita Federal, neste ano de 2009, acaba de processar digitalmente o recebimento de 25 milhões de declarações de renda -- sem um metro de fila nem a exigência de um único carimbo ou firma reconhecida. Dentro e em volta de São Paulo está sendo executada a maior transformação no sistema de transportes urbanos que a cidade já viveu em toda a sua história, com as obras do rodoanel, do metrô e da rede de trens metropolitanos -- algo que vai mudar radicalmente, nos próximos anos, a maneira como milhões de pessoas se deslocam no seu cotidiano. O que emerge disso tudo, em suma, é um país que poderá ser a quinta maior economia do mundo em dez anos, conforme disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, durante uma reunião com executivos da General Motors. (A propósito: a GM, esfacelada nos Estados Unidos, está investindo neste momento 2 bilhões de reais em sua operação brasileira.) Não faz diferença se o Brasil, no ano de 2019, não for exatamente a quinta maior economia; o que importa é que, com certeza, não será a 20a. Essa é uma batalha que já foi disputada e decidida nos últimos 15 anos -- e o Brasil ganhou.
Trata-se de uma visão que fica escondida por trás da nuvem de poeira levantada pela sucessão de calamidades da vida pública brasileira; a impressão que provocam no dia a dia é a de um país em estado terminal. Há o Senado, a Câmara e os 27 000 funcionários do Senado e da Câmara. Há o loteamento do serviço público entre os amigos e aliados de quem manda no governo. Há a flagrante privatização de áreas inteiras do Estado em favor de interesses, grupos e organizações particulares. Há um sistema judicial imprevisível, lento e voltado muito mais para a obediência a formalidades do que para o efetivo cumprimento de direitos e obrigações. Há toda uma legislação irracional, que agride a eficiência econômica, amarra a atividade produtiva e pune o trabalho, a iniciativa individual e o mérito. Há a inépcia, a indolência e a corrupção da máquina pública em todos os níveis.
O desastre econômico mundial, que em outras ocasiões deixaria o Brasil na lona durante anos, não durou mais do que seis meses por aqui -- em seus piores efeitos, só se manifestou no último trimestre de 2008 e no primeiro de 2009. O presente dinamismo da economia não aparece apenas no setor privado. A Petrobras faturou 92 bilhões de dólares no ano passado, firmando seu lugar entre as grandes empresas do mundo, e lucrou 15 bilhões. Sua principal subsidiária, a BR Distribuidora, foi a melhor empresa do país na área do comércio por atacado. Juntas, pagaram acima de 25 bilhões de dólares em impostos. A Receita Federal, neste ano de 2009, acaba de processar digitalmente o recebimento de 25 milhões de declarações de renda -- sem um metro de fila nem a exigência de um único carimbo ou firma reconhecida. Dentro e em volta de São Paulo está sendo executada a maior transformação no sistema de transportes urbanos que a cidade já viveu em toda a sua história, com as obras do rodoanel, do metrô e da rede de trens metropolitanos -- algo que vai mudar radicalmente, nos próximos anos, a maneira como milhões de pessoas se deslocam no seu cotidiano. O que emerge disso tudo, em suma, é um país que poderá ser a quinta maior economia do mundo em dez anos, conforme disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, durante uma reunião com executivos da General Motors. (A propósito: a GM, esfacelada nos Estados Unidos, está investindo neste momento 2 bilhões de reais em sua operação brasileira.) Não faz diferença se o Brasil, no ano de 2019, não for exatamente a quinta maior economia; o que importa é que, com certeza, não será a 20a. Essa é uma batalha que já foi disputada e decidida nos últimos 15 anos -- e o Brasil ganhou.
Trata-se de uma visão que fica escondida por trás da nuvem de poeira levantada pela sucessão de calamidades da vida pública brasileira; a impressão que provocam no dia a dia é a de um país em estado terminal. Há o Senado, a Câmara e os 27 000 funcionários do Senado e da Câmara. Há o loteamento do serviço público entre os amigos e aliados de quem manda no governo. Há a flagrante privatização de áreas inteiras do Estado em favor de interesses, grupos e organizações particulares. Há um sistema judicial imprevisível, lento e voltado muito mais para a obediência a formalidades do que para o efetivo cumprimento de direitos e obrigações. Há toda uma legislação irracional, que agride a eficiência econômica, amarra a atividade produtiva e pune o trabalho, a iniciativa individual e o mérito. Há a inépcia, a indolência e a corrupção da máquina pública em todos os níveis.
Tudo isso, sem dúvida, é real e gera efeitos imediatos. Mas já não é suficiente para segurar o Brasil do progresso. O Brasil que está realmente vivo e vai prevalecer é esse -- e não o seu contrário.