Roberto Azevêdo: o chefe da OMC, no entanto, acrescentou que a linguagem política costuma ser mais dura que as ações (Denis Balibouse/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de agosto de 2017 às 18h57.
Cidade do Panamá - O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, disse nesta quarta-feira que está "preocupado" com retórica protecionista crescente em certos países e alertou sobre o possível risco de uma "guerra comercial".
"O risco de uma guerra comercial é muito claro. Quando um país, não importa qual, aplica medidas unilaterais, há uma resposta de outros (países) e podemos chegar a um efeito dominó", afirmou Azevêdo na capital do Panamá após se reunir com empresários locais.
O brasileiro indicou que a retórica protecionista que existe atualmente é "muito forte" e que há o risco de ela se traduzir em ações concretas.
"A OMC nunca está tranquila, está sempre preocupada. Evidentemente a retórica preocupa porque não existe em abstrato, a retórica existe porque há tensões e essas tensões podem levar a ações", indicou o diretor, sem fazer referência a nenhum país especificamente.
O chefe da OMC, no entanto, acrescentou que a linguagem política costuma ser mais dura que as ações e lembrou que, desde o estopim da crise econômica de 2008, apenas 5% do comércio mundial foi afetado por medidas protecionistas unilaterais.
Azevêdo, que está no cargo desde 2013, afirmou também em declarações a jornalistas que todo mundo perde em uma guerra comercial e que por isso é "obrigação" do organismo internacional tentar evitá-la.
O brasileiro insistiu, além disso, na ideia de que a maior parte dos empregos não é perdida por conta da globalização, mas pelo rápido progresso tecnológico e a introdução da robótica em todos os tipos de comércio, o que fará com que alguns empregos desapareçam totalmente em um curto espaço de tempo.