Economia

OIT denuncia aumento da desigualdade nos países ricos

Segundo a organização, a desigualdade e o desemprego tendem a diminuir nos países emergentes


	Agência de empregos em Palma de Mallorca, Espanha: no país, as famílias com renda média representavam, no fim de 2010, 46% do total, diante de 50% em 2007
 (Jaime Reina/AFP)

Agência de empregos em Palma de Mallorca, Espanha: no país, as famílias com renda média representavam, no fim de 2010, 46% do total, diante de 50% em 2007 (Jaime Reina/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2013 às 11h55.

Genebra - A desigualdade e o desemprego aumentaram na maioria dos países desenvolvidos atingidos pela crise, mas tendem a diminuir nos países emergentes e em desenvolvimento, informa um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado nesta segunda-feira.

"Os dados apresentam uma evolução positiva em muitas regiões do mundo em desenvolvimento, mas mostram um panorama preocupante em muitos países de alta renda, apesar da reativação econômica. A situação, em alguns países europeus em particular, começa a testar o tecido econômico e social", disse Guy Ryder, diretor geral da entidade, sediada em Genebra.

O relatório informa ainda que as desigualdades de renda se aprofundaram, entre 2010 e 2011, em 14 das 26 economias desenvolvidas analisadas, incluindo Estados Unidos, França, Espanha e Dinamarca.

Apesar da lenta saída da crise, os aumentos salariais dos executivos e o lucro das grandes empresas dispararam. Por outro lado, o desemprego de alta duração aumentou e as condições de trabalho estão piores, fatores que corroem consideravelmente o nível de vida da classe média.

Na Espanha, as famílias com renda média representavam, no fim de 2010, 46% do total, diante de 50% em 2007. Nos Estados Unidos, a renda dos 7% mais ricos aumentou entre 2011 e 2012, enquanto o rendimento do restante dos americanos diminuiu.


Na Alemanha e em Hong Kong, o salário médio do presidente de uma grande empresa aumentou mais de 25% de 2007 a 2011, chegando a representar (no caso da Alemanha) de 150 a 190 vezes o nível do salário médio do país. Nos EUA, por sua vez, o salário desses executivos é 508 vezes superior.

A diminuição da classe média - um mercado importante em função do seu poder aquisitivo - poderá desencorajar projetos de investimento, advertiu Raymond Torres, diretor do Instituto Internacional de Estudos Sociais da OIT.

Entre as potências industrializadas e emergentes do G20, os ganhos aumentaram em 3,4% entre 2007 e 2012, mas a renda média aumentou apenas 2,2% e os investimentos recuaram 3,6%.

Na América Latina e no Caribe, a taxa de emprego melhorou em 2012 em um ponto percentual em relação aos níveis anteriores à crise (2007), chegando a 57,1%. Isso gerou um aumento da renda média, embora existam alguns desafios pendentes na região, como a informalidade e a persistente desigualdade, aponta o documento da OIT.

A organização destacou que o grupo com renda média cresceu na última década mais do que o daqueles que vivem apenas acima do limite da pobreza. O crescimento do grupo de renda média entre 1999 e 2010 foi considerável no Brasil (+15,6%).

A classe média no país é definida como aquela com renda entre 10 e 50 dólares ao dia.

Acompanhe tudo sobre:EspanhaEuropaMercado de trabalhoOITPiigs

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto