Economia

OCDE precisa de 14 milhões de empregos para superar a crise

O índice de desemprego dos países da OCDE é de 7,9%

Logo da OCDE: o relatório da organização analisa que a melhora do mercado de trabalho depende muito da recuperação econômica (Jean Ayissi/AFP)

Logo da OCDE: o relatório da organização analisa que a melhora do mercado de trabalho depende muito da recuperação econômica (Jean Ayissi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2012 às 10h10.

Paris - Os países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) precisam criar 14 milhões de postos de trabalho para recuperar a situação de emprego anterior à atual crise, segundo um relatório publicado nesta terça-feira em Paris.

Em maio, 48 milhões de pessoas estavam sem trabalho, o que elevou o índice de desemprego da OCDE a 7,9%, e os autores do relatório estimam que o desemprego nos países da eurozona aumentará nos próximos meses e somente se estabilizará em 2013.

Isso significa que agora estão desempregados 15 milhões de pessoas a mais das que antes do início da crise, em dezembro de 2007, assegura o órgão.

A marginalização das pessoas que ficam um tempo sem trabalho aumentou, segundo a organização, um fenômeno associado à falta de uma recuperação firme da economia, e destaca a divergência das tendências no aumento do desemprego.

O índice se manteve na categoria de entre 3,5 e 5% na Austrália, Áustria, Japão, Coréia do Sul, Luxemburgo, México, Holanda, Noruega e Suíça, e caiu consideravelmente na Alemanha, onde passou de 8,2% no fim de 2007, a 5,6% em maio.

Por outro lado, destaca os outros nove países onde o desemprego alcança índices de dois dígitos: Estônia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Portugal, Itália, Eslováquia e Espanha.

O relatório analisa que a melhora do mercado de trabalho depende muito da recuperação econômica, pois envolve fatores que não estão sob o controle das autoridades que administram políticas dirigidas a reduzir o número de inativos.

A OCDE recomenda que os países adotem medidas "apropriadas" de política macroeconômica, como as que contribuem para "estabilizar o sistema bancário europeu".

Além disso, o texto indica que precisa haver um relaxamento maior do que o ocorrido até agora na política monetária, para que essa contribua ao crescimento econômico no curto prazo.


O texto publicado hoje afirma que é importante que os países-membros evitem repetir o equívoco de utilizar as aposentadorias antecipadas ou as contribuições por incapacidade e doença como via para diminuir os números de desemprego.

"É essencial evitar repetir esse erro, ajudando os trabalhadores desempregados a manterem o contato com o mercado de trabalho e para que retornem ao trabalho o mais breve possível", defendem os autores do relatório.

A OCDE lista alguns exemplos de adaptação de políticas às condições macroeconômicas vigentes em cada momento ao destacar práticas como as do Canadá, onde o sistema de incentivos aos ociosos dura mais em épocas de recessão e menos quando está mais fácil encontrar um emprego.

Na Dinamarca e na Suíça, assinala o relatório, os gastos públicos em subsídios aos inativos se ajustam de maneira automática segundo o nível de desemprego.

Em relação ao crescente desemprego estrutural, a OCDE afirma que as políticas ativas de emprego precisam estar suficientemente fortes, e que esse é um elemento crucial, já que seus orçamentos cresceram menos do que o índice de desemprego.

Entre as preocupações que o documento expressa estão as consequências que as políticas de ajuste aplicadas para reduzir o déficit em vários países podem ter nas políticas ativas de emprego, o que pode piorar a situação do mercado de trabalho.

Essa circunstância pode, ainda, "pôr em risco o potencial de crescimento econômico em longo prazo", afirma o relatório.

Por último, o documento sugere que políticas de promoção da contratação aplicadas no passado, como a redução da tributação que as empresas aplicavam sobre seus contratados, podem resultar menos apropriadas nas atuais circunstâncias.

Assim, os autores do estudo apontam que políticas de subsídios a novos contratações que estejam vinculadas a um crescimento líquido do emprego podem ser mais efetivas para reduzir o nível de desemprego.

Finalmente, o texto infere que deveriam ser priorizadas as políticas práticas de emprego voltadas a democratizar o estudo e a incorporação ao mercado de trabalho dos jovens e também que seria preciso dotar mais os programas que tenham demonstrado ser mais rentáveis em função dos resultados obtidos.

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