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O tamanho da desigualdade racial no Brasil em um gráfico

Negros são 54% da população mas sua participação no grupo dos 10% mais pobres do país é muito maior: 75%.

Jovens negros (GettyImages)

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de dezembro de 2016 às 08h00.

Última atualização em 3 de dezembro de 2016 às 08h00.

São Paulo - A desigualdade no Brasil, além de enorme, tem um forte componente racial.

É o que mostram os números da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados na última semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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Em 2015, os negros e pardos representavam 54% da população brasileira, mas sua participação no grupo dos 10% mais pobres era muito maior: 75%.

No grupo do 1% mais rico da população, a porcentagem de negros e pardos é de apenas 17,8%.

"Ainda observando a desigualdade de renda que, apesar de arrefecimento nos últimos anos, mantém-se consequente, a população permanece segmentada por cor ou raça", diz o relatório.

Veja no gráfico:

-(IBGE/Divulgação)

Uma das chaves para isso é a educação. Em 2015, 53,2% dos estudantes pretos ou pardos de 18 a 24 anos de idade cursavam níveis de ensino anteriores ao superior, como o fundamental e o médio, enquanto apenas 29,1% dos estudantes brancos estavam nessa mesma situação.

A outra é a informalidade, que atinge 48,3% da população negra contra 34,2% da população branca.

 

E a desigualdade não é apenas de renda. Pretos ou pardos estavam 73,5% mais expostos a viver em um domicílio com condições precárias do que brancos.

Apesar disso, as condições melhoraram nos últimos anos. A porcentagem de lares negros atendidos por sanamento subiu de 44,2% para 55,3% desde 2005, enquanto o atendimento em lares brancos aumentou de 64,8% para 71,9% no mesmo período.

Desigualdade

A desigualdade de forma geral tem caído de forma ininterrupta desde 2004. A medida disso é o índice de Gini, que vai de 0 a 1: quanto mais alto, mais desigual é o país.

No Brasil, ele foi de 0,555 em 2004 para 0,491 em 2015. Todo mundo caiu, mas houve “uma queda mais acentuada dos rendimentos médios nos décimos de população com rendimentos mais elevados.”, diz o relatório do IBGE.

Ainda assim, a concentração de renda continua altíssima: os 10% mais ricos do país capturam 40,5% de todos os rendimentos do país. Há dez anos, proporção era de 45,3%.

E vários economistas apontam que por trabalhar por amostragem domiciliar, a PNAD não é o melhor instrumento para captar as rendas dos estratos mais ricos.

Ela não considera rendimentos de capital como aplicações financeiras e ganhos com imóveis, por exemplo, então pode estar subestimando o tamanho da riqueza nas camadas mais elevadas da pirâmide social.

Um sinal disso foi o relatório do banco suíço Credit Suisse divulgado recentemente, mostrando que o número de milionários no país passou de 162 mil para 172 mil entre 2015 e 2016.

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