Economia

O que a BlackRock espera da economia em 2013

Gestora de investimentos projeta como mais provável cenário com os Estados Unidos crescendo mais que os outros países do mundo desenvolvido – e atenção no abismo fiscal

Touro de Wall Street: hoje, a possibilidade de um cenário de  recessão global caiu para 10%, segundo a BlackRock (Getty Images/Getty Images)

Touro de Wall Street: hoje, a possibilidade de um cenário de recessão global caiu para 10%, segundo a BlackRock (Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 10h55.

São Paulo – As previsões do Instituto de investimentos da BlackRock para 2013 apontam para uma  virada positiva, embora gradual, em condições globais econômicas e de investimento. É isso que afirma o relatório "Uma Virada Lenta no Horizonte?" divulgado pela gestora de investimentos nessa semana.  

“Estamos vendo o mundo que está indo em direção a “coisas boas”, embora lentamente com a pressão de redução de alavancagem em várias regiões do mundo desenvolvido”, afirma o relatório. Muitos indicadores de crescimento e apetite pelo risco estão melhorando em 2013, mas partindo de uma base reduzida e previsões baixas, segundo o Instituto de investimentos da BlackRock.

No meio do ano, a avaliação do Instituto de pesquisa da BlackRock apontou uma maior probabilidade - entre 40% e 45% - para um cenário de "estagnação" com pouco crescimento da economia global e perda de fôlego nos Estados Unidos e nas economias emergentes.  Mas, no final do ano, a revisão da pesquisa reduziu a probabilidade desse cenário para 30%.

Agora, o cenário mais provável (35%) é chamado "Era de Separatismo". Nessa projeção, os Estados Unidos crescem mais que o resto do mundo desenvolvido e as economias - e ativos - emergentes superam as expectativas. Durante essa "Era de Separatismo", a Europa deve continuar em uma recuperação muito lenta enquanto o crescimento da economia chinesa acelera.

Ao mesmo tempo, a BlackRock aumentou a probabilidade de um cenário de "crescimento" - chamado de "Crescimento Positivo" - para 20%, comparado com 5% a 10% em julho.  

Nesse cenário, as principais economias, como os Estados Unidos, China e Europa, crescem mais que previsto e a economia global começa a depender menos do estímulo monetário.  Mas, de acordo com o Instituto, sem uma resolução para o abismo fiscal dos EUA, a possibilidade desse cenário de crescimento cai 10 pontos.  

De acordo com o relatório, alguns acontecimentos positivos que podem acontecer incluem uma aceleração da criação de crédito, a venda de instrumentos de curto prazo como títulos comerciais, uma grande acerto para o orçamento dos Estados Unidos, que resolveria seus problemas fiscais, e reformas estruturais na China, Brasil e Índia para ampliar o crescimento.


De acordo com a pesquisa, a possibilidade de um cenário de "Corrida Inflacionária" - com preços de commodities em alta e políticas de flexibilização monetária aumentando a inflação global, efetivamente cortando o endividamento do mundo desenvolvido - foi mantida em 5%. 

Recessão global

Hoje, a possibilidade de um cenário de "Nemesis Redux" - com uma recessão global, realização de ativos a preços reduzidos, revolta social e grandes perdas em todas as categorias de ativos - caiu de 15%-20% em julho para 10%, de acordo com a BlackRock.

Existe uma chance menor de Nemesis porque os riscos de um colapso da Zona do Euro são menores e a economia chinesa está mais forte, segundo o relatório.  Mas ,o abismo fiscal é uma variável importante - sem uma solução, a possibilidade de um cenário Nemesis sobre para 20%. 

Estados Unidos 

A BlackRock projeta que a economia dos Estados Unidos deve ganhar força e apoiar o crescimento global. Isso, se o governo conseguir evitar o abismo fiscal e chegar a um acordo para criar um orçamento sustentável. 

"Esperamos que os políticos reencontrem a arte perdida de negociar. A comunidade empresarial e os eleitores enviaram sinais fortes para Washington pedindo colaboração. Sem uma aproximação política, o abismo fiscal será uma nuvem fiscal sobre os mercados em 2013”, afirma o material. 


Os próximos passos do Fed merecem muita atenção, segundo a BlackRock, que acredita que o banco central dos Estados Unidos não deve elevar as taxas de juros no futuro próximo, mas pode reduzir o estímulo monetário se houver sinais de uma redução mais rápida do desemprego durante o segundo semestre de 2013. 

Europa

A Black Rock acredita que com apoio de impostos reduzidos na Alemanha, a Zona do Euro poderá superar as previsões (muito baixas) de crescimento em 2013. Mas a recuperação europeia pode demorar “vários anos”, com o processo de redução de alavancagem e a necessidade de reformas estruturais, afirma o relatório.

Ásia

Na Ásia, o Japão deve manter ou até afrouxar sua política monetária sob a nova liderança política e do Banco Central, segundo a BlackRock. A China enfrenta desafios a longo prazo - como a mudança de uma economia centralizada baseada em investimentos para uma economia de consumo. “A mudança será lenta mais progressiva”, afirma o relatório.

Riscos

Entre os riscos que o mundo enfrenta - como os conflitos do Oriente Médio, que podem causar um aumento do preço de petróleo ou a disputa territorial da China com o Japão e outras nações sobre ilhas desertas – a BlackRock afirma que os grandes erros políticos que poderiam arrastar o mundo de volta para a recessão eram uma grande preocupação um ano atrás e, hoje, parecem ser menores. “Então, é possível que exista um risco, o risco da complacência”, afirma.

A BlackRock destacou que alguns eventos políticos devem influenciar os mercados em 2013, como as eleições na Itália, Alemanha e Israel, entre outros países, e a reforma do orçamento dos EUA.

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