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Protecionismo leva a retaliação, diz fundação The Future of Freedom

O caminho do protecionismo leva à hostilidade e retaliação, afirma Jacob Hornberger, fundador e presidente da fundação The Future of Freedom

"Ninguém ganha com o jogo do protecionismo", diz Jacob Hornberger (Flickr/Gage Skidmore/CC)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 22h54.

Brasília - No início do mês, a presidente Dilma Rousseff reclamou à colega alemã Angela Merkel dos sucessivos pacotes de ajuda às economias europeias. Essas medidas serviriam como um protecionismo disfarçado, segundo a presidente: afinal, inundaram com dinheiro a economia global e deram impulso para a valorização do real – a ponto de terem sido descritas por Dilma como um “tsunami monetário”.

Mas, se reclama do protecionismo de seus parceiros comerciais, o Brasil também é alvo de críticas. Uma das mais rumorosas dos últimos meses foi a decisão tomada pelo governo em setembro de 2011 de elevar o IPI sobre veículos importados ou montados no Brasil com menos de 65% de conteúdo nacional.

O Brasil não é o único país a encarnar dois papéis, o de vítima e o de vilão, no atual cenário protecionista do comércio internacional. Os Estados Unidos, por exemplo, pretensos entusiastas do livre comércio, elevaram as barreiras na mesma velocidade com que viam subir seus índices de desemprego – como, por exemplo, na ainda enrolada liberação da importação de carne bovina brasileira in natura.

Com o duplo papel desempenhado pelas principais economias, ninguém ganha nesse jogo, afirma Jacob Hornberger, fundador e presidente da fundação The Future of Freedom, uma entidade de defesa do livre comércio criada em 1989 nos Estados Unidos. “A politização do comércio por meio do protecionismo leva, inevitavelmente, à hostilidade e à retaliação”, diz Hornberger.

Leia a seguir a entrevista de Hornberger:

EXAME.com: Desde a crise econômica de 2008, o comércio internacional parece estar seguindo uma agenda mais protecionista. Que consequências para o comércio ou até mesmo a democracia podemos esperar disso?

Hornberger: Em qualquer transação comercial, ambos os lados querem melhorar sua condição econômica, já que necessariamente precisam desistir de algo que valorizam menos por algo que valorizam mais. Assim, as pessoas usam o comércio para melhorar seu padrão de vida. Quando os governos interferem na liberdade de compra e venda entre as pessoas, eles reduzem o nível de vida dos seus cidadãos. Além disso, o comércio aumenta a dependência mútua e a amizade entre os povos do mundo. A politização do comércio por meio do protecionismo leva, inevitavelmente, à hostilidade e à retaliação.


EXAME.com : Os Estados Unidos são defensores do livre comércio livre entre os países, mas, a despeito disso, parecem estar tomando medidas cada vez mais protecionistas, segundo muitos economistas. O protecionismo às vezes é necessário? Ou a economia dos EUA teve que se adaptar por causa da crise?

Hornberger: Infelizmente, a retórica do governo americano é muito diferente da realidade. Ele diz defender o livre comércio, mas suas políticas são claramente protecionistas e intervencionistas. O governo tem sido um defensor do comércio administrado, e não de livre comércio, como exemplificado por acordos como o Nafta. Protecionismo nunca é necessário ou benéfico. Ele protege empresas politicamente privilegiadas da competição no exterior – e à custa dos consumidores. O protecionismo é sempre a pior forma de lidar com uma crise econômica.

EXAME.com : Esse novo ambiente protecionista pode ser comparado ao período do “empobreça seu vizinho, que nos anos 30 abriu uma guerra cambial entre os países? Quais são as semelhanças e as diferenças entre aquele momento e o atual?

Hornberger: As situações são muito semelhantes. Em ambos os casos, as políticas econômicas dos governos provocaram a crise. Ao invés de eliminar as causas da crise, o governo procura um bode expiatório. Empresas estrangeiras são sempre um alvo fácil, especialmente porque elas quase sempre são incapazes de se defender. As medidas protecionistas inevitavelmente fazem a crise piorar – e então o governo usa essa piora como desculpa para aprovar novas medidas intervencionistas, que, por sua vez, só pioram a situação.

EXAME.com : Como o mundo pode deixar o atual cenário para trás? Ou devemos esperar ainda mais protecionismo daqui para a frente?

Hornberger: O único modo de fazer isso é com mais esclarecimento, mais informação. Cidadãos mais esclarecidos não permitiriam que o governo aprovasse medidas protecionistas, independentemente das circunstâncias. Quando as pessoas finalmente perceberem que o seu bem-estar econômico depende de um cenário mais vasto do comércio, tanto nacional como internacionalmente, elas não vão permitir que os governos diminuam seu padrão de vida impondo barreiras cada vez maiores aos parceiros comerciais. Infelizmente, estamos muito longe dessa realidade. Isso permite que políticos demagogos continuem a nos prejudicar com a escalada protecionista.

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Brasília - No início do mês, a presidente Dilma Rousseff reclamou à colega alemã Angela Merkel dos sucessivos pacotes de ajuda às economias europeias. Essas medidas serviriam como um protecionismo disfarçado, segundo a presidente: afinal, inundaram com dinheiro a economia global e deram impulso para a valorização do real – a ponto de terem sido descritas por Dilma como um “tsunami monetário”.

Mas, se reclama do protecionismo de seus parceiros comerciais, o Brasil também é alvo de críticas. Uma das mais rumorosas dos últimos meses foi a decisão tomada pelo governo em setembro de 2011 de elevar o IPI sobre veículos importados ou montados no Brasil com menos de 65% de conteúdo nacional.

O Brasil não é o único país a encarnar dois papéis, o de vítima e o de vilão, no atual cenário protecionista do comércio internacional. Os Estados Unidos, por exemplo, pretensos entusiastas do livre comércio, elevaram as barreiras na mesma velocidade com que viam subir seus índices de desemprego – como, por exemplo, na ainda enrolada liberação da importação de carne bovina brasileira in natura.

Com o duplo papel desempenhado pelas principais economias, ninguém ganha nesse jogo, afirma Jacob Hornberger, fundador e presidente da fundação The Future of Freedom, uma entidade de defesa do livre comércio criada em 1989 nos Estados Unidos. “A politização do comércio por meio do protecionismo leva, inevitavelmente, à hostilidade e à retaliação”, diz Hornberger.

Leia a seguir a entrevista de Hornberger:

EXAME.com: Desde a crise econômica de 2008, o comércio internacional parece estar seguindo uma agenda mais protecionista. Que consequências para o comércio ou até mesmo a democracia podemos esperar disso?

Hornberger: Em qualquer transação comercial, ambos os lados querem melhorar sua condição econômica, já que necessariamente precisam desistir de algo que valorizam menos por algo que valorizam mais. Assim, as pessoas usam o comércio para melhorar seu padrão de vida. Quando os governos interferem na liberdade de compra e venda entre as pessoas, eles reduzem o nível de vida dos seus cidadãos. Além disso, o comércio aumenta a dependência mútua e a amizade entre os povos do mundo. A politização do comércio por meio do protecionismo leva, inevitavelmente, à hostilidade e à retaliação.


EXAME.com : Os Estados Unidos são defensores do livre comércio livre entre os países, mas, a despeito disso, parecem estar tomando medidas cada vez mais protecionistas, segundo muitos economistas. O protecionismo às vezes é necessário? Ou a economia dos EUA teve que se adaptar por causa da crise?

Hornberger: Infelizmente, a retórica do governo americano é muito diferente da realidade. Ele diz defender o livre comércio, mas suas políticas são claramente protecionistas e intervencionistas. O governo tem sido um defensor do comércio administrado, e não de livre comércio, como exemplificado por acordos como o Nafta. Protecionismo nunca é necessário ou benéfico. Ele protege empresas politicamente privilegiadas da competição no exterior – e à custa dos consumidores. O protecionismo é sempre a pior forma de lidar com uma crise econômica.

EXAME.com : Esse novo ambiente protecionista pode ser comparado ao período do “empobreça seu vizinho, que nos anos 30 abriu uma guerra cambial entre os países? Quais são as semelhanças e as diferenças entre aquele momento e o atual?

Hornberger: As situações são muito semelhantes. Em ambos os casos, as políticas econômicas dos governos provocaram a crise. Ao invés de eliminar as causas da crise, o governo procura um bode expiatório. Empresas estrangeiras são sempre um alvo fácil, especialmente porque elas quase sempre são incapazes de se defender. As medidas protecionistas inevitavelmente fazem a crise piorar – e então o governo usa essa piora como desculpa para aprovar novas medidas intervencionistas, que, por sua vez, só pioram a situação.

EXAME.com : Como o mundo pode deixar o atual cenário para trás? Ou devemos esperar ainda mais protecionismo daqui para a frente?

Hornberger: O único modo de fazer isso é com mais esclarecimento, mais informação. Cidadãos mais esclarecidos não permitiriam que o governo aprovasse medidas protecionistas, independentemente das circunstâncias. Quando as pessoas finalmente perceberem que o seu bem-estar econômico depende de um cenário mais vasto do comércio, tanto nacional como internacionalmente, elas não vão permitir que os governos diminuam seu padrão de vida impondo barreiras cada vez maiores aos parceiros comerciais. Infelizmente, estamos muito longe dessa realidade. Isso permite que políticos demagogos continuem a nos prejudicar com a escalada protecionista.

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